domingo, 27 de fevereiro de 2022

COLUNA DO DR.. ERIVELTON LAGO


RODA DE SAMBA (NÃO É) SAMBA DE RODA

O meu amigo Macurim me falou que o Samba de Roda não pode ser confundido com Roda de Samba. O que ele me falou despertou a curiosidade de Paulo Peleleu que estava ali por perto na minha última ida à cidade de Bacabal para fazer um júri. Não aconteceu o julgamento, então fui visitar esses dois velhos amigos e aproveitar para tomarmos um drink e comer peixe frito. Os dois gostam muito de música e foi muito interessante o bate papo com eles. Num certo momento da nossa conversa, Macurim fez a seguinte indagação: vocês sabem qual é a diferença entre Roda de Samba e Samba de Roda? Peleleu respondeu: no samba de roda as pessoas ficam em círculo tocando e cantando com outras no meio da roda dançando. Já na Roda de Samba, via de regra, são grupos de artistas que tocam samba nas noites e fins de semana nos bares. Macurim, já com a respostas pronta, falou: é quase isso, mas não é bem isso, vou explicar, mas antes quero que Valdemar traga uma rodada de caipirinha e um piau frito. Valdemar é o dono do bar e piau é um peixe muito gostoso do rio Mearim. Então, respondeu Macurim: O samba de roda é um estilo musical popular brasileiro. É uma variante do samba com raízes africanas, e que reúne diversas músicas, poesias e danças. Peleleu protestou: ah, mas aí tu já estás indo fundo demais. Calma, Peleleu, cultura é uma reflexão profunda sobre a alma criativa, disse Macurim: O samba de roda surgiu na Bahia, no século XVII. Hoje, ele é patrimônio e herança cultural da cultura afro-brasileira. Dizem que esse estilo está intimamente relacionado à roda de capoeira, que envolve música e lutas, e aos orixás, entidades espirituais africanas. Atualmente, o Samba de Roda está presente em todas as partes do Brasil. Na Bahia, é no Recôncavo baiano que esse ritmo é mais popular. Isso porque essa região foi palco da chegada de escravos africanos. Tu sabias disso, peleleu? fobou Macurim, dizendo: traz o piau Valdemar, quem vai pagar é o advogado. Então continuou Macurim: Apesar de ser baseado nas tradições africanas, ele também envolve alguns aspectos da cultura portuguesa. Como exemplo, o uso da viola e as letras das músicas, que são cantadas em português.


Acrescentou, Macurim: foram os escravos angolanos que trouxeram o Samba de Roda para o Brasil. Em 2003, ele foi incluído no Livro de Registro as Formas de sua Expressão singular. Já em 2005, passou a ser Patrimônio Imaterial da Humanidade, tendo sido considerado Obra-Prima do Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade pela Unesco. Foi então que, em 2013, recebeu a titulação de Patrimônio Cultural do Brasil, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional-IPHAN. Peleleu interrompeu a conversa e perguntou a Macurim: quais são os instrumentos musicais usados no Samba de Roda? Macurim respondeu, na bucha: viola, pandeiro, chocalho, atabaque, ganzá, reco-reco, agogô e o berimbau. Nessa hora, Valdemar aplaudiu o historiador e colocou o piau frito na mesa, dizendo: esse Macurim é um intelectual. Porém, Peleleu não ficou por baixo e começou a cantar ALGUÉM ME AVISOU, um dos símbolos do Samba de Roda: “Foram me chamar, Eu estou aqui, o que é que há, Eu vim de lá, eu vim de lá pequenininho, Mas eu vim de lá pequenininho, Alguém me avisou pra pisar nesse chão devagarinho (...). Palmas para Peleleu que aproveitou e respondeu: então a Roda de Samba é o Sambinha alegre e descontraído da esquina, do bar e dos palcos. É o batuque arrojado do fim de semana do Cartola, Ivone Lara e João Nogueira. Continuou Peleleu dizendo: os sambas da minha preferência são: Ogum, A sorrir, Meu Lugar, Identidade e Canta canta minha gente. Continuou Peleleu: Aqui no Maranhão podemos dizer que temos a criatividade do Serrinha do Maranhão, Eudes, Nivaldo Santos e Boscotô. Podemos, então, citar os grupos Sindicato do Samba, Argumento e Palmares. Macurim olhou para Peleleu e disse: Negão, agora eu tiro o meu chapéu pra tu! Porém, nesse momento Peleleu resolveu saborear o piau que estava na mesa, mas já havíamos comido até as espinhas do peixe. Pedimos outro prato de piau e uma rodada de caipirinha. É na mesa do bar que descobrimos que Roda de Samba NÃO é Samba de Roda.



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