domingo, 8 de dezembro de 2024

COLUNA DO DR. OTÁVIO PINHO FILHO - DEZEMBRO LARANJA

Prevenção e detecção precoce do câncer de pele são temas da campanha Dezembro Laranja

Provocada principalmente pela exposição excessiva e sem proteção ao sol, neoplasia cutânea possui várias manifestações, das quais o melanoma é a mais grave

Dentro da extensa lista de doenças que podem ter sua incidência impactada pelas mudanças climáticas está o câncer de pele, diretamente relacionado ao aumento contínuo das temperaturas e das emissões de raios ultravioleta sobre o planeta. Afinal, a exposição solar sem proteção continua a ser a grande vilã deste tipo de neoplasia, que já é a mais comum entre os brasileiros. Dentro do calendário da saúde, a campanha Dezembro Laranja é dedicada justamente à conscientização sobre o câncer de pele e à sua prevenção.

Em 2023, para o Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) estimou em 220 mil os novos casos de câncer não melanoma no Brasil e 8.980 casos de melanoma, o tipo mais grave. Para a cidade de São Paulo, a estimativa foi de 7.230 e 940 novos casos, respectivamente, ainda de acordo com o Inca.

Provocada pelo crescimento anormal e descontrolado das células que compõem a pele, a doença evolui de forma silenciosa e de difícil detecção, por isso é importante conhecer suas possíveis manifestações. Saiba mais sobre cada tipo de câncer da pele:

Carcinoma basocelular (CBC): é o câncer da pele não melanoma mais frequente, de baixa letalidade. Surge normalmente em regiões expostas ao sol, como face, orelhas, pescoço, couro cabeludo, ombros e costas. Também pode se desenvolver em áreas não expostas, ainda que mais raramente. Causa o aparecimento na pele de um pequeno tumor avermelhado e brilhoso, que cresce lentamente ao longo do tempo, podendo formar crosta central e sangrar com facilidade.



Carcinoma espinocelular (CEC): este é o segundo câncer não melanoma mais frequente. Também é mais comum nas áreas expostas ao sol, como orelhas, face, couro cabeludo e pescoço, mas pode se desenvolver em todas as partes do corpo. Além da exposição excessiva ao sol, o CEC também pode estar associado a cicatrizes na pele, uso de drogas antirrejeição de órgãos transplantados, além da exposição a certos agentes químicos ou à radiação. Normalmente, esse câncer, que é duas vezes mais frequente em homens, tem coloração avermelhada e se apresenta na forma de machucados ou feridas que não cicatrizam, ou pode ainda se assemelhar a verrugas.

Melanoma: é o tipo menos frequente de câncer da pele, porém tem o pior prognóstico e o mais alto índice de mortalidade. Possui origem nos melanócitos, as células que produzem melanina, o pigmento que dá cor à pele, e se inicia nas camadas superficiais da pele. Porém, nos estágios mais avançados, a lesão torna-se mais profunda, o que aumenta o risco de metástase, ou seja, de se espalhar para outros órgãos. 
Geralmente possui a aparência de uma pinta ou de um sinal na pele, em tons acastanhados ou enegrecidos, crescendo e que mudam de cor, de formato ou de tamanho. 

A hereditariedade desempenha um papel central no desenvolvimento do melanoma. Por isso, familiares de pacientes diagnosticados com a doença devem se submeter a exames preventivos regularmente. Vale ressaltar, no entanto, que as chances de cura são de mais de 90% quando há detecção precoce da doença.

Preste atenção a sinais como:

•    uma lesão na pele de aparência elevada e brilhante, translúcida, avermelhada, castanha, rósea ou multicolorida, com crosta central e que sangra facilmente;
•    “Regra do ABCDE”: pintas Assimétricas, com Bordas irregulares, Cor variada, Diâmetro maior que 6mm e Evolução mudança no tamanho, forma, cor ou aparecimento de outros sintomas;
•    Lesões enegrecidas  nas plantas dos pés e palmas das mãos  e unhas 
•    uma mancha ou ferida que não cicatriza, que continua a crescer apresentando coceira, crostas, erosões ou sangramento;
•    em casos mais avançados, de câncer de pele com metástase, também podem ocorrer outros sinais como nódulos na pele, inchaço nos gânglios linfáticos, falta de ar ou tosse, dores abominais e de cabeça, por exemplo.

Prevenção
Evitar a exposição excessiva ao sol continua a ser a melhor estratégia contra o câncer de pele, e os cuidados devem ser redobrados, uma vez que a incidência dos raios ultravioleta está cada vez mais agressiva em todo o planeta. O alerta vale para pessoas com todos os tipos de pele, embora os grupos de maior risco sejam os de pessoas com pele clara, ruivas e  cabelos ou olhos claros. Já na pele mais escura, o melanoma predomina nas plantas dos pés, palmas das mãos e unhas, sem correlação com exposição solar. Também devem redobrar os cuidados aqueles que possuem antecedentes familiares com histórico de câncer de pele, muitas queimaduras solares, e muitas sardas e  pintas pelo corpo, já ter tido câncer de pele.

Veja a seguir algumas dicas de proteção:

•    use óculos escuros e protetores solares;
•    cubra as áreas expostas ao sol com roupas apropriadas, como camisa de manga comprida, calças e um chapéu de abas largas;
•    evite a exposição solar especialmente entre 10h e 16h;
•    na praia ou na piscina, dê preferência a barracas feitas de algodão ou lona, que absorvem 50% da radiação ultravioleta, pois o nylon deixa passa 95% dos raios UV;
•    use filtros solares diariamente, e não somente em horários de lazer ou de diversão; escolha produtos que protejam contra radiação UVA e UVB e tenham um fator de proteção solar (FPS) 30, no mínimo, e reaplique a cada duas horas ou menos, nas atividades ao ar livre;
•    observe regularmente a própria pele, à procura de pintas ou manchas suspeitas;
•    mantenha bebês e crianças protegidos do sol, lembrando que protetores solares podem ser usados a partir dos seis meses.
Um dos principais meios de detectar precocemente o câncer de pele é o auto-exame e em caso de lesão suspeita procurar assistência nas 479 Unidades Básicas de Saúde (UBSs). 

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