DOIS HOMENS UMA PAIXÃO UMA TRAGÉDIA
Creuza conviveu sete anos com o senhor Amauri Mendonça Verde, um homem de 70 anos de idade. Ele tinha a moça como um prêmio, mas aqui e ali ocorria uma briga devido ao ciúme que ele nutria pela amada. Os dois moravam no povoado de Pedra da Ribeira, Cajari-MA. Creuza era uma moça muito bonita de 32 anos de idade. A sua família tinha boa condição financeira e ela era proprietária de um comércio de venda de produtos de beleza na cidade de Santa Inês. O homem, com mais do dobro da idade de Creuza, era aposentado da Rede Ferroviária Federal s\a e recebia cerca de R$ 8.700, 00 por mês. Além do mais, ele tinha uma pequena propriedade no povoado de Jeju, Altamira. Nesse local ele criava cerca de trezentas cabeças de gado. Ele tinha uma vida tranquila e não aparentava a idade que tinha. Ele era cafuso, tinha pai negro e mãe índia. Ela era cabocla, tinha a mãe branca e pai índio. Olhando para ele, qualquer pessoa diria que sua idade era de uns 55 anos, impressionante. Mas quem olhasse para Creuza, dizia: essa só tem vinte anos. Mais impressionante, ainda. Pois bem, certo dia os dois foram para uma festa num povoado onde se comemorava dia de São Lázaro, era 17 de dezembro de 2000, fim da primavera brasileira. Creuza e Amauri chegaram no povoado lá pelas 17 horas. Tempo suficiente para um banho, troca de roupa e jantar na casa de Apolinário, amigo de Amauri, homem de 37 anos de idade dono de uma propriedade cuja produção girava em torno de distribuição de cachaça, fumo, mel de abelha e farinha de puba. O jovem era solteiro, educado e elegante. As mulheres da região viam nele um bom partido, mas ele era paciente, não estava disposto a qualquer precipitação quando o assunto era casamento. Pois bem, Creuza tomou seu banho e lá pelas 19hs ela já estava pronta. Trajou-se com um vestido vermelho, sandália preta, um cordão de ouro no pescoço e uma pulseira dourada no braço direito. Seu perfume era “Eau du soir”. Dizem que esse perfume faz os momentos mágicos durarem para sempre e, em certas circunstâncias, leva o homem fraco à loucura. Apolinário olhou para a bela moça e não se conteve: Creuza, você está parecendo uma princesa! Seu perfume cheira jasmim. Amauri é um homem de sorte. Creuza devolveu o recado dizendo: são os seus olhos, mas, mesmo assim, obrigada. Amauri, entretanto, apenas ouviu o gracejo, mas nada falou. Contudo, seu coração acelerou a tal ponto que teve que sentar-se numa cadeira de macarrão que estava de lado, pediu água, bebeu e se acalmou. Passada a agonia, já por volta das 10h, os três saíram da casa de Apolinário e seguiram para a festa. Entraram no recinto e o casal começou a dançar. Lá pelas 23h:30min Apolinário já não suportava mais a vontade de pegar na mão da mulher do amigo e dançar um pouquinho apenas para sossegar a própria alma. Ele já não suportava ficar apenas trocando olhares com a moça, precisava abraçá-la, mesmo que aquilo lhe custasse um furo no abdômen. Assim, Apolinário fez a seguinte pergunta para Amauri: posso dançar uma parte com sua mulher? Respondeu Amauri: ela é quem sabe. Então Apolinário virou-se para Creuza e disse: Vamos? Ela respondeu: sim, vamos. Ninguém sabe o que aconteceu com a cabeça de Apolinário. Talvez a paixão cega, ou um feitiço qualquer, ou até mesmo um passamento ou sabe-se lá o que, mas ele abraçou a moça como se fosse sua namorada. Ele a levou para o meio do salão e talvez tenha sido tomado por algum espírito cego, um Cupido maluco, um Eros enlouquecido ou o amor à primeira vista. Ela, de algum modo, caiu no encanto do jovem comerciante. Na terceira música eles ainda estavam agarrados no meio do salão. Isso tinha tudo para se transformar numa tragédia. Amauri, que era muito ciumento e muito apaixonado pela jovem moça, foi buscá-la no meio da sala. Tocando no ombro de Apolinário, disse Amauri: acho que já basta, venha comigo, Creuza. Essa mulher não pertence mais a você, Amauri, ela gostou de mim e eu gostei dela, disse Apolinário. Nesse momento, Amauri desferiu um soco no rosto de Apolinário e outro em Creuza. Apolinário sacou uma faca de 12 polegadas que carregava na cintura e desferiu em Amauri, Creuza entrou entre os dois e a faca atingiu o seu peito em cheio tendo ela caído ao chão. Vendo Creuza esfaqueada no solo, Apolinário agachou-se para socorrê-la. Nesse instante, Amauri aproveitou e desferiu um profundo golpe no lado esquerdo de Apolinário atingindo o seu pulmão. Em segundos estavam mortos Apolinário e Creuza no meio do salão. Amauri, sem saber o que fazer, foi para a casa de João de Inácia, onde permaneceu até a chegada da polícia que o levou preso. Amauri ficou 9 meses custodiado. Seu alvará foi concedido em 17 de setembro de 2001, quando assinava sua “liberdade provisória” passou mal, foi levado para o hospital onde faleceu uma hora depois de internado. Um dia, ainda preso, ele falou algo muito importante para o carcereiro Anajatuba: “Depois de uma certa idade, a PAIXÃO pode nos causar desgosto e nos levar à tragédia.”