Acordo cedo. Alimento minhas cachorras e começo minha caminhada movido pela minha playlist. Começo com a música "me explica, Lúcia." Música feita por Aziz Júnior em homenagem a poetisa, Lúcia Santos.
Ela começa com a seguinte inquietação "como viver de literatura sem escrever livro de auto ajuda...", Fico martelando esse refrão, Nauro já nos deu uma resposta: "ser poeta é duro e dura e consome toda uma existência.", E cada um tem suas respostas, mas vou e vôo mais além. Começo a pensar nas adversidades, nos esforços sobre humano que o artista brasileiro tem que superar e suportar para tentar viver dignamente de sua arte, principalmente nesses tempos bicudos e obscuros que estamos atravessando. Ontem assisti a entrevista da secretária de cultura, Regina Duarte, na CNN, foi de dar dó, mas é nossa triste realidade. Estão querendo filiar a arte em um partido, já imaginaram o tamanho da imbecilidade? Nem os militares conseguiram tal proeza.
É como se não pudesse admirar Brasília porque foi projetada por um comunista ou não mais ouvir Chico Buarque porque é de esquerda ou pior, deixar de ser ser cristão porque Cristo propagou ideias socialistas, como o perdão, o amor ao próximo...coisas essenciais para o convívio social. "Como viver de literatura..." Num ambiente instável com minas de ignorância. Mas olha como é a vida, nesses dias nosso consumo artísticos bateu todas as bolsas, sim, estamos ouvindo música, assistindo filmes, lendo poesias, lendo romances, novelas...estamos respirando comunicação e arte, mesmo assim precisamos responder "como viver de literatura..."não é fácil, nunca foi fácil e vai ficar mais difícil. O que nos conforta é que quem escreve, sempre alcança.
Continuando nessa viagem matinal, impulsionada pelo amigo, Aziz Júnior, tomo outra direção e começo a me perguntar, "a arte em si já não é uma forma de auto ajuda?" Eu digo que é. Tiro por mim, eu me sinto bem quando escrevo, quando crio, independente do que escrevo, é uma água benta, um energético, me faz um bem danado, já quando eu não escrevo, fico sem chão. Acho que a criação traz naturalmente esse apelo de auto ajuda, é natural, primeiro ao artista, depois para quem consome, estou liberto ao escutar essa música, que coisa gratificante.
Essas buscas ao nosso interior, essas viagens, essas possibilidades, é auto ajuda. Essa é uma das funções da arte, Aziz, nesse álbum, jogou um balde de tintas pelo ar, se respingar em você, oxalá! Senão, ele tentou.
Essas buscas ao nosso interior, essas viagens, essas possibilidades, é auto ajuda. Essa é uma das funções da arte, Aziz, nesse álbum, jogou um balde de tintas pelo ar, se respingar em você, oxalá! Senão, ele tentou.
Pra finalizar eu digo ao amigo Aziz Júnior, sua literatura sobreviverá até na pior ditadura.
Por Jorge Passinho