O mioma (leiomioma) uterino é um tumor benigno que acomete as mulheres (até 60-70% das mulheres com 50 anos apresentam miomas) ao longo da vida.
Trata-se tumor sólido e benigno constituído por células musculares lisas.
Os sintomas dependem de sua localização e de seu tamanho. Geralmente os miomas mais sintomáticos são os de localização submucosa. Não podemos deixar de lembrar que miomas muito grandes podem causar efeito de massa sobre estruturas adjacentes, gerando com isso sintomas relacionados a outros sistemas.
É muito importante que algumas informações estejam descritas no laudo de ultrassonografia para que o tratamento mais adequado possa ser instituído pelo médico assistente, que pode optar entre as vias laparoscópica, laparotômica, histeroscópica, entre outras.
E que informações são essas consideradas importantes no laudo de ultrassonografia?
Principalmente a localização do nódulo.
Os miomas podem ser descritos quanto a parede uterina que acometem. Por exemplo, posso ter um mioma localizado em parede anterior, em fundo uterino, em parede posterior, nas paredes laterais esquerda e direita do útero, ou mesmo no colo uterino (sendo estes menos comuns).
Mas a localização com descrição apenas da parede acometida não é suficiente para uma escolha adequada do tratamento a ser instituído para estas lesões. Além da parede uterina envolvida, precisamos descrever que região da parede uterina está sendo acometida pelo leiomioma.
Por esse motivo, e para sistematizar as descrições dos miomas, foi criada a classificação da Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (FIGO) para a localização dos miomas uterinos. O grupo MUSA (Morphological Uterus Sonographic Assessment) também corroborou esta classificação, adotando-a para a descrição da localização de miomas.
Nesta classificação as lesões miomatosas são classificadas em nove categorias (Figura 1), que irão permitir ao médico assistente um melhor entendimento da relação dessas lesões com a cavidade uterina, com o miométrio e com a camada serosa que recobre o útero.
Figura 1
Por exemplo:
Figura 2
Este mioma (Figura 2) poderia ser simplesmente descrito como um nódulo submucoso. Porém, com uma essa descrição de localização submucosa, não sabemos se esse mioma se encontra intracavitario, apenas tocando a submucosa ou qual o percentual de comprometimento do miométrio causado por esta lesão. Dessa forma, o médico assistente não seria capaz de indicar a melhor terapia utilizando apenas o laudo ultrassonográfico.
Porém, se utilizarmos a classificação da FIGO, esta lesão seria descrita como um nódulo intracavitário (FIGO/MUSA 0), permitindo ao médico assistente a compreensão de que trata-se de uma lesão que não compromete o miométrio e está completamente localizada no interior da cavidade uterina, permitindo assim que o mesmo indique uma abordagem histeroscópica para tratar essa paciente.
Por esse motivo, é importante que o médico ultrassonografista utilize esse sistema de descrição para os nódulos miomatosos presente em seus exames, o que trará benefícios tanto ao médico que receberá o laudo, que agora pode realizar a melhor indicação de tratamento, quanto a paciente que irá realizar o tratamento mais adequado.
Por Dr. Otávio Pinho Filho