AÇO
Queria arcaico, linguajar
castiço
Escrever em verso o que sinto
agora
Engolir a seco o asco que
devora
E que apavora meu penar
mestiço.
Tão amargo, cítrico, ácido
corrói
Os cristais da alma em
prantos e soluços
No batente em brasa onde me
debruço
Eu vomito o aço que me corta
e dói.
Em taças de bronze o sangue já
coalhado
Tão lustrada a face neles
refletida
Formam frases soltas no suor
que cai.
Como a carne fraca que o
corpo atrai
Como o chumbo quente que
derrete e vai
Carbonizar as flores secas,
ressequidas.
Do livro de sonetos “A
DOR E EU” de Zé Lopes
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