ANTI-LUZ
Sob a luz inerte de uma
vela
Propaga-se o dia quase
morto
Espalha-se entre becos
e esquinas
E apaga-se na sombra do
meu corpo.
Nas antenas de TV sobre
os telhados
Pousam urubus e seus
odores
Morcegos infectam o
néctar das flores
Deixando os colibris
envenenados.
O pio da coruja é mau
agouro
Os dentes rangem
porcelana e ouro
E a carne esfria e
murcha em seu mistério.
A boca roxa, podre,
ainda murmura
A cal vai consumindo a
sepultura
E os germes povoando os
cemitérios.
Do livro de sonetos “A DOR E EU” de Zé Lopes
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