quinta-feira, 9 de maio de 2013




ANTI-LUZ

Sob a luz inerte de uma vela
Propaga-se o dia quase morto
Espalha-se entre becos e esquinas
E apaga-se na sombra do meu corpo.

Nas antenas de TV sobre os telhados
Pousam urubus e seus odores
Morcegos infectam o néctar das flores
Deixando os colibris envenenados.

O pio da coruja é mau agouro
Os dentes rangem porcelana e ouro
E a carne esfria e murcha em seu mistério.

A boca roxa, podre, ainda murmura
A cal vai consumindo a sepultura
E os germes povoando os cemitérios.

Do livro de sonetos “A DOR E EU” de Zé Lopes

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