Osvaldo Martins Furtado de Souza **A Lei nº 6.607, de 07 de dezembro de 1978, declara o
pau-brasil como Árvore Nacional e o dia 03 de maio como o Dia do pau-brasil. Os
botânicos deram-lhe o nome de Caesalpinia echinata, Lam, sendo o gênero
Caesalpinia dedicado a Andréas Caesalpino (1519-1603), botânico italiano,
filósofo, médico do papa Clemente III e professor de medicina em Pisa; echinata
significando ouriço, lembrando os abundantes acúleos localizados no tronco e
galhos adultos; e Lam., abreviatura do botânico francês Jean Baptiste Antoine
Pierre Monnet Lamark (1744-1829), quem conferiu a denominação botânica. Os
indígenas o chamavam de ibiripitanga, sendo ibyri = pau, madeira, e pytã =
vermelho, portanto pau-vermelho, em alusão à cor vermelha apresentada pelo
cerne (miolo).
À época da colônia, era abundante na Mata Atlântica, no trecho compreendido
entre Cabo Frio, Rio de Janeiro, e Nísia Floresta, no Rio Grande do Norte,
encontrando-se raros remanescentes ao sul da Bahia e no Engenho São Bento, no
município de São Lourenço da Mata, sede da tradicional Escola de Agricultura
dos monges beneditinos, em Pernambuco.Afirma Gilberto Freire (Nordeste) que,
para levantar e reparar seus conventos, suas igrejas, seus palácios, toda a
arquitetura voluptuosa para construir os barcos e seus navios, o pau-brasil,
forma um capítulo da história da exploração econômica do Brasil pela Metrópole,
na sua fase já parasitária, que um dia precisa ser reescrito com vagar e
minúcia. Quase não há edifício nobre em Portugal que não tenha um pedaço de
mata virgem do Brasil resistindo com dureza de ferro à decadência que roeu a
velha civilização portuguesa de conventos e palácios de reis. No meio desta
riqueza de "madeiras de lei" - conclui Gilberto Freire ? estavam,
além do pau-brasil, o louro, o pau-d'arco, a sucupira, o jacarandá, o
pau-violeta, transformados em vigas, linhas e portais.
A madeira do seu cerne, no ínício, de coloração alaranjada, tornando-se depois
vermelho-clara, foi usada para extração de um corante para tingir tecido, para
construção naval e civil, e atualmente para a confecção de arcos de violino,
viola, violoncelo e contra-baixo, graças ao seu peso e ao seu poder de
curvatura. Conta Cussy de Almeida, regente da nossa Orquestra Armorial, que foi
o arqueiro francês François Turte (1747-1835), o descobridor do pau-brasil como
arco de violino, hoje utilizado pelas melhores orquestras do mundo. Afirma
ainda o regente, que a madeira que mais se prestava para o acessório do
violino, que pesa de 58 a 62 gramas, era proveniente de São Lourenço da Mata,
devido certamente as condições climáticas e constituição do solo.
Pernambuco foi o primeiro Estado - e talvez o único - que resgatou a dívida que
tínhamos com o pau-brasil, quando em 1967, a Universidade Federal Rural de Pernambuco
enviou mudas para todas as capitais brasileiras. Plantou em 1973 cerca de
cinqüenta mil mudas no contorno da bacia hidráulica do Sistema de Barragens do
Rio Tapacurá, e foi beneficiado em 1988 com a criação da Fundação Nacional do
Pau-brasil, tendo como presidente o professor Roldão de Siqueira Fontes,
considerado o maior propagador da ibiripitanga no Brasil.
**Engenheiro Agrônomo formado pela Escola Superior de Agricultura
de Pernambuco - ESAP, em 1946. É Professor aposentado da UFRPE, onde exerceu
várias funções, destacando-se a Direção da Escola Agrotécnica no período de
1958 a 1968. Idealizou juntamente com o Professor Roldão Siqueira Fontes e o
Professor Vasconcellos Sobrinho, todos do Colégio Agrícola Dom Agostinho Ikas,
em São Lourenço da Mata, a campanha nacional em prol da preservação do
Pau-brasil. Autor de diversos trabalhos publicados é Membro titular da Academia
Pernambucana de Ciência Agronômica. Um dos baluartes da causa agronômica no
Estado de Pernambuco destaca-se especialmente, pela sua luta e ações em prol da
preservação do Pau-brasil, do Baobá, das Mangas da Ilha de Itamaracá e da
Gameleira do Espinheiro. Com este texto, dá continuidade a Série ÁRVORES
PERNAMBUCANAS EM EXTINÇÃO.
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