domingo, 12 de maio de 2013




MAZELAS DE UM ANO ATÍPICO
          Quando 2013 chegou, cheio de novas energias, de esperanças renovadas, trazendo um novo momento politico, com promessas de mudanças e valorização da prata da casa, achei que era o momento de me reaproximar da minha cidade, dos meus amigos e por em prática alguns projetos e algumas idéias que tinha em mente, se não de dizimar, pelo menos amenizar a agonia em que sucumbia a nossa cultura. Na primeira reunião em que fui apresentado como colaborador, já senti entre alguns, aquela ponta de um sentimento ruim, um misto de inveja, ciúme, raiva, incômodo, como se eu tivesse nas mãos, a chave de um mundo, que nem porta tinha, mas que todos queriam entrar. Ninguém, mas ninguém mesmo, aparece no cenário cultural do estado, elevando o nome de sua terra e eu sim, e pago um preço tão alto por isso, que muitas vezes não sei se ainda vale a pena se dizer bacabalense. Nunca pensei, ter que responder a ofensas, a insultos, a injurias, a calúnias, a difamações e proferidas logo por quem!. Em meus artigos, nunca citei um nome e se o sujeito ficou oculto, foi apenas para me defender. Todos escrevem mal de mim e se eu me defendo, a coisa piora e sou ameaçado, achincalhado, julgado e condenado e hoje tenho que andar precavido e sem saber o destino do meu próximo passo. Um dia escrevi que tem pessoas que passaram por varias gestões para descobrir que o gestor não prestava, que burro que fui, hoje descobri que passei esses meus longos 49 anos para descobrir que o meu inimigo andava ao meu lado e sorria das minhas anedotas. Meu Deus, eu nunca quis ser mais do que sou, estou na minha melhor fase de produção. Passei por momentos tempestuosos, mas quem não passa? Longe de mim querer ser intelectual, longe de mim ser bajulador, talvez se fosse, não estaria trabalhando diuturnamente, de segunda a segunda. A minha geração está envelhecendo, está atordoada e o pior, está doente e acometida de uma patologia que não se cura com qualquer remédio, o medicamento é injetável e dói, e faz das noites longas, um tormento e a manhã vem sempre com cheiro de éter, entorpece e o novo dia é rotina, é velho e tudo começa do nada, segue ao nada e assim vai. No que conseguiram me transformar? num estorvo, numa persona non grata, num bobo da corte, num calo social e eu que só queria ajudar.  O que foi feito daqueles jovens, cabeças, poetas, bairristas, intelectuais. O que foi feito daqueles que se diziam meus amigos? O que foi feito daquele Zé que havia em mim, que sonhava, que idealizava, que projetava futuros? Aquele Zé, no presente, vive embrulhado em um passado, cheio de boas lembranças e um medo horrível do futuro. Não quero pra mim, nem pra ninguém, esse fogo cruzado, esse campo minado por granadas de palavras, esses tiros de injustiças, essa guerra fria, aquecida por bobagens. Ainda bem que esse atípico 2013, vai passando a galope e se prestarmos bem atenção, já estamos na metade do quinto mês e que ele se vá para que eu, com prazer, rasgue a última data da folhinha e o considere como um ano pra se esquecer. Se, como disse meu velho avô, Chico Moraes – “Bacabal dá e toma”, com o pouco que tenho, sigo feliz por saber que não foi Bacabal quem me deu e por isso não tem o direito de me tomar.
Um bom domingo

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