EM
VINTE ANOS, UNISSONA,
NOSSA
VOZ SE CALOU
Quando Bacabal vivia a
verdadeira cultura, principalmente a musical, anualmente o Lions Club fazia o
tão famoso FIC, Festival Intermunicipal da Canção. Com esse frisson, alguns
cantores/compositores começaram a mostrar seus trabalhos e liderados pelo
jornalista, poeta e compositor Abel Carvalho, seis deles começaram a fazer
gravações – totalmente sem qualidade técnica, mas de um enorme valor cultural –
e veicular na recém-instalada Rádio
Mirante FM, sob regência do empresário Hidalgo Neto. A coisa foi tomando forma
e um movimento tomou conta da cidade e nasceu o grupo de pagode “Os Lamas”,
presidido por Antônio Carlos e Miltom (em memória) e Assis Viola, Perboire
Ribeiro, Zé Lopes, Marco Boa Fé, Marcus Maranhão e Raimundinho, numa roda de
“Caninha da Roça” com abacaxi, se dividiram em três duplas e fizeram quatro
shows durante um mês, no Skorpions Bar, propriedade de Zé Lago e Rosemary, para
angariar dinheiro pra fazer o saudoso “Boi Bacaba”, coordenado por Fran Cruz
com direção de Louremar Fernandes. Os shows que aconteciam todas as sextas,
deram tão certo que virou febre, superlotando a casa, sempre com fechamento do
grupo “Os Lamas”e despertou interesses. Considerado como o principal movimento
musical de Bacabal, o “Nossa Voz” ganhou asas e com o acentuado vôo, necessitou de uma produção mais apurada, totalmente profissional, foi quando o, na época deputado estadual, Clodomir Filho, com todas as dificuldades, levou para São Luis os artistas Assis Viola, Perboire Ribeiro, Zé Lopes, Marco Boa Fé, Marcus Maranhão e Raimundinho para a gravação do antológico vinil “Nossa Voz”
Escreveu Abel Carvalho
– Tudo começou com Brasilino Miranda, compondo o que ele mesmo chamava de
batucadas, quase sempre em homenagem às musas da época de seu mais fértil
destempero poético. As homenageadas eram, invariavelmente Nancy, Dulcinéia,
Zenaide, Adelaide e madian, essas três últimas também musas de Vadoca ...
Depois disso muitos grandes nomes apareceram , Zé Jardim, Chico das Molas, compositores
insofismáveis, Zeneide e Josa,
intérpretes imbatíveis, que, em companhia de outros grandes nomes, realizaram
disputas maravilhosas ao longo dos anos em sucessivos Festivais da Música Popular
Bacabalense . Mais recentemente novos nomes surgiram, entre eles R. Cavalcante,
Beny Carvalho, Galego, o Grupo Regional “Os Lamas”, Otávio Filho, Osvaldino
Pinho, Cledy Maciel, Antônio Perboire, Zé Lopes, Raimundinho, Marco Boa Fé,
Assis Viola, Marcus Maranhão, Laurindo e muitos outros que proporcionarão novas
e maravilhosas disputas nos festivais da MPB sob a regência do mesmo maestro
dos anos anteriores, o velho Tchacka. Isso
foi escrito há vinte anos atrás e com o desaparecimento apenas de Laurindo, a
música de bacabal continua mesma, nada ou, quase nada, renovou.
Com o sucesso do Vinil
“Nossa Voz” e com o poder de organização de Abel Carvalho, o sexteto saiu em
busca de novos horizontes e gravou o segundo vinil, o “Nossa Voz II” que
conseguiu com que cada um deles, coresse para uma carreira solo. Dois anos mais
tarde, com a ausência de Raimundinho, que foi substituído por Davi Faray, o
mesmo time gravou o primeiro CD
intitulado de “Nós” e logo em seguida o vinil “Nossa Voz” foi compilado para CD
e parou por aí. Várias tentativas de se fazer um novo trabalho com os artistas
já foram feitas, mas por vaidade, desconfiança e até por medo de alguns, a voz
do “Nossa Voz” silenciou.
O poeta Paulo Campos
escreveu: Enquanto existir um só homem, existirá a sua luta, seu sonho, seu
ideal. Sentimentos que acrescidos de convicção e garra, tem o poder de tornar
realidade., do ilusório ao imaginário. “Nossa Voz” é o primeiro filho nascido
da luta de pessoas que acreditam que
lutar é sempre preciso e, romperam as noites, construíram sonhos a procura de
um sol maior. Ébrio constante da Mesa de Bar, “Nossa Voz” conta um pouco da
história do movimento, da luta incansável, dos momentos de dor e prazer.
Quando anos atrás nos
foi dada a árdua tarefa 3e reconstruir o movimento cultural, nós estávamos
assumindo um compromisso conosco mesmo e com o nosso povo. Daí então, foram
anos e anos de trabalho e dedicação. Superamos os preconceitos, vencemos os
desafios e mostramos para aqueles que usam o poder para perseguir e manipular,
que ideal se constrói com sonhos, luta. Paixão e vontade.
Que esse disco
intitulado “Nossa Voz”, fruto maior do projeto Mesa de Bar, seja um ponto de
partida para novas conquistas e que também sirva para uma reflexão mais
profunda da nossa própria cultura.
Só que essa reflexão
não foi feita e dos sete compositores que viveram aquela época, um morreu e os
outros seis, levam a vida misturando música com outros afazeres para a
sobrevivência. O certo é que ainda dá para mostrar para todos, que aquele
esforço de vinte anos atrás, se não mudou muita coisa a cara da cultura musical
bacabalense, pelo menos é lembrada com silêncio.
São vinte anos
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