Pela primeira vez, o governo mudou o
tom em relação aos recorrentes problemas de energia elétrica que ocorreram nos
últimos meses e admitiu o risco de desabastecimento. Em extensa nota divulgada pelo Ministério de Minas e Energia, no trecho final, em
que o governo assegura a normalidade no fornecimento de eletricidade este ano,
a garantia é condicionada a fatores climáticos e ao consequente comportamento
dos reservatórios das hidrelétricas.
"Portanto, a não ser que ocorra
uma série de vazões pior do que as já registradas, evento de baixíssima
probabilidade, não são visualizadas dificuldades no suprimento de energia no
país em 2014", diz o comunicado.
A nota foi divulgada durante reunião do
Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE). O secretário de Energia
Elétrica do Ministério, Ildo Grüdtner, limitou-se a ler o comunicado, sem
responder às perguntas dos jornalistas.
O teor da nota oficial contrasta com as
recentes afirmações do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. Um dia antes
do apagão do dia 4 de fevereiro, Lobão disse que o risco de desabastecimento
era nulo. "Estamos com mais de 40% nos principais reservatórios. Não
enxergamos nenhum risco de desabastecimento de energia. Risco zero",
afirmou na ocasião.
O governo confirmou que as chuvas e o
volume de água que chega aos reservatórios das hidrelétricas do País foram
inferiores ao esperado. Segundo o comitê, em janeiro e na primeira semana de
fevereiro, as afluências ficaram em 54% da média histórica nas regiões Sudeste/Centro-Oeste
e de 42% no Nordeste.
Ainda assim, o ministério reiterou que há segurança e equilíbrio
estrutural. Segundo o governo, há uma sobra de energia de 9% em relação às
projeções feitas para o ano. A carga prevista é de 67 mil MW médios e há uma
folga de 6,2 MW mil médios. A sobra considera um risco de 5% de que a oferta de
energia seja inferior à demanda, considerando a série histórica das condições
climáticas, iniciada em 1931.
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