Três anos depois do fim do Clube dos 13, os principais times de
futebol do Brasil podem voltar a dividir uma mesa para discutir a divisão de
direitos de mídia. O assunto foi levantado na última segunda-feira (28), em
reunião na sede da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) que contou com
Marcelo Campos Pinto, diretor da Globo Esportes. A pauta principal do encontro
era a Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte, mas times aproveitaram a
presença do executivo para cobrá-lo sobre as cotas. Ouviram respostas
desanimadoras e a promessa de um novo fórum para debater exclusivamente esse
assunto.
Criado em 1987 com o propósito de ser embrião de uma liga de
times, o Clube dos 13 centralizou nos anos seguintes a discussão sobre direitos
de mídia. Essa seara passou a ser a principal razão de ser da entidade, que era
responsável pela negociação com os parceiros e pela divisão das cotas. Desde
2011, quando a instituição foi implodida, as equipes passaram a fazer isso
individualmente.
Na segunda-feira, alguns clubes abordaram Marcelo Campos Pinto
sobre um efeito desse modelo. Negociações individuais aumentaram a concentração
de receita nas mãos das equipes que geram mais resultados para os parceiros de
mídia. Times que têm mais audiência, como Corinthians e Flamengo, aumentaram de
forma contundente a distância de faturamento para os restantes.
"Nós conversamos, mas ele explicou que quem dá mais audiência
recebe mais dinheiro. É uma coisa que não tem lógica. Os clubes da Série B
também precisam pagar as contas, e nem todo mundo sobrevive com a cota
atual", disse Ilídio Lico, presidente da Portuguesa. Os times que disputam
a segunda divisão nacional recebem R$ 2,7 milhões anuais.
A reunião de segunda-feira contou com representantes de 40 clubes
(20 da Série A e 20 da Série B). Todos tiveram espaço para pronunciamentos,
assim como o próprio Campos Pinto, o presidente em exercício da CBF, José Maria
Marin, e Marco Polo del Nero, que assumirá no início do próximo ano o comando
da entidade nacional.
Durante o evento, com os apelos a Campos Pinto, o assunto
"direitos de mídia" ganhou muita relevância. Foi isso que suscitou a
ideia de uma reunião exclusivamente sobre o tema – a agenda proposta para
segunda-feira era apenas sobre a Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte.
Marco Polo del Nero chegou a sugerir a criação de uma comissão entre os clubes
descontentes para apresentação de uma proposta concreta.
"Acho que seria importante criarmos um fórum para discutir.
Seria inteligente e permitiria um crescimento maior. Isso ajudaria a restaurar
a condição do futebol brasileiro que o mundo aprendeu a respeitar", disse
Antônio Luiz Neto, presidente do Santa Cruz.
A Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte ainda não tem data
para ser votada. Como a prioridade dos clubes é essa, porém, qualquer discussão
sobre direitos de mídia será feita apenas depois de uma decisão sobre o
dispositivo
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