O
presidente do Solidariedade (SD), deputado Paulinho da Força (SP), afirmou que
o partido irá encomendar com juristas estudos para basear um pedido de
impeachment da presidente Dilma Rousseff por ela ter autorizado a compra da
refinaria de Pasadena, no Texas (EUA). O negócio, revelado pelo Estado, provocou
prejuízo de US$ 792 milhões para a Petrobrás e, segundo delatores do esquema de
corrupção na Operação Lava Jato, foi aprovado mediante pagamento de propina a
executivos da petroleira.
"O Solidariedade
está consultando advogados sobre o impeachment da presidente Dilma. Falamos
hoje com alguns e amanhã teremos outras conversas", afirmou Paulinho.
"Ela era presidente do conselho de administração da Petrobrás quando
Pasadena foi comprada", complementou. Um dos juristas que serão procurados
pelo partido é Ives Gandra que já elaborou um parecer sobre um pedido de
impeachment por improbidade administrativa.
Lideranças do SD
almoçaram nesta quarta-feira, 4, com o presidente da Câmara, deputado Eduardo
Cunha (PMDB-RJ) e deixaram o encontro defendendo a proposta de um pedido de
cassação do mandato da petista. Cunha está entre os políticos citados na lista
da procuradoria da República enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF) que
devem ser investigados por suposto envolvimento no esquema de corrupção na Petrobrás.
O PMDB no Congresso tem retaliado o governo após a divulgação de que Cunha e o
presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), serão investigados. Conforme
relatos, um dos presentes afirmou que "se for preciso cassar até o
vice-presidente Michel Temer (PMDB) para que a presidente Dilma deixe o governo
seria válido." Todos teriam rido da brincadeira.
A presidente Dilma
era ministra da Casa Civil no governo Luiz Inácio Lula da Silva quando presidiu
o conselho de administração da Petrobrás. No ano passado, em nota ao Estado, Dilma
afirmou que só votou a favor da compra da refinaria de Pasadena porque o então
diretor da área internacional da Petrobrás Nestor Cerveró enviou aos
conselheiros um resumo "técnico e falho" que omitia cláusulas
contratuais que se mostraram prejudiciais à Petrobrás. Na nota, a presidente
disse que se tivesse conhecimento dessas cláusulas não teria aprovado a compra
da refinaria. Como presidente do conselho, contudo, Dilma poderia ter acesso a
todos os detalhes da compra da empresa se tivesse solicitado.
A declaração da
presidente ao Estado
provocou a abertura de duas CPIs no Congresso no ano passado para investigar a
Petrobrás que terminaram sem qualquer conclusão. Cerveró esta preso acusado de
operar um esquema de corrupção na diretoria da área interncional da petroleira.
O ex-diretor de serviços da Petrobrás Paulo Roberto Costa, um dos delatores da
Lava Jato, já admitiu ter recebido US$ 1,5 milhão de propina para não de opor à
compra de uma refinaria considerada obsoleta. Em artigo, o jurista Ives Granda
já afirmou: "Como a própria presidente da República declarou que, se
tivesse melhores informações, não teria aprovado o negócio de quase US$ 2
bilhões da refinaria de Pasadena (nos Estados Unidos), à evidência, restou
demonstrada ou omissão, ou imperícia ou imprudência ou negligência, ao avaliar
o negócio."
O Tribunal de Contas
da União (TCU) analisa se a presidente Dilma e os demais conselheiros à época
serão punidos por terem dado o aval para a compra da refinaria, sem o qual o
negócio não teria sido fechado.
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