A
segunda sessão da nova CPI da Petrobrás na Câmara dos Deputados teve na manhã
desta quinta-feira, 5, momentos de tensão e bate-boca generalizado após o
presidente da comissão, Hugo Motta (PMDB-PB), anunciar que criaria quatro
sub-relatorias para o colegiado. Indignado com a condução dos trabalhos, o
deputado Edmilson Rodrigues (PSOL-PA) chamou o peemedebista de “moleque” e
chegou a ser contido por colegas. Outros deputados se levantaram de suas
cadeiras e, com dedos em riste, foram até a mesa da presidência questionar
Motta.
“Quem manda aqui é o
presidente. Não aceito desrespeito. Cabelo branco não é sinônimo de respeito”,
reagiu Motta, aos gritos. “Não serei fantoche para me submeter a pressão aqui.
Não tenho medo de grito. Da terra onde venho, homem não ouve grito”, emendou.
O peemedebista não
havia aceitado o apelo da base governista para que fosse votado primeiro o
plano de trabalho e em outro momento se discutisse a criação das
sub-relatorias. O PT e outros partidos também reclamaram que não foram
consultados antes sobre o assunto. Motta começou a ler o ato de criação das
sub-relatorias, o que, na prática, descentraliza os trabalhos da comissão, e a
sessão se transformou em discussão generalizada. Momentos depois, os ânimos já
se acalmaram.
Motta também leu ato
em que negou o pedido de extensão das investigações ao governo Fernando
Henrique Cardoso (PSDB), apresentado pelo deputado Afonso Florence (PT-BA). O
presidente da CPI alegou que o pedido não encontrava respaldo regimental.
“Estamos obrigados a nos ater no ato de criação que delimita o escopo da CPI, ou
seja, no período de 2005 e 2015”, afirmou.
A primeira
sub-relatoria criada nesta quinta vai investigar superfaturamento e gestão
temerária na construção de refinarias no Brasil; a segunda, a constituição de
empresas subsidiárias e sociedades com o fim de praticar atos ilícitos; a
terceira, o superfaturamento e gestão temerária na construção e afretamento de
navios de transporte, navios-plataforma e navios-sonda; a última vai apurar
irregularidades na operação da companhia Sete Brasil e na venda de ativos da
Petrobrás na África.
Doações. A segunda sessão da
CPI da Petrobrás teve ainda uma discussão entre os deputados Paulo Pereira da
Silva (SD-SP), o Paulinho da Força, e Ivan Valente (PSOL-SP). Ao rebater o
questionamento feito por Valente na primeira reunião sobre a doação de
empreiteiras envolvidas na Operação Lava Jato para a campanha eleitoral de
parlamentares titulares desta CPI, Paulinho disse que seu colega recebeu
recursos de seus funcionários. "Fiquei impressionado com algumas
doações", disse o deputado, revelando que funcionários doaram a Valente
até quatro vezes mais que seus salários.
Valente rebateu
dizendo que faz campanha limpa, que recebe recursos de ativistas e que sua
campanha recebeu dez vezes menos que a de Paulinho. "Vou pedir investigação
sobre o financiamento do Paulinho, não só por empresas mas por entidades",
respondeu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário