Dona Zenaide - Foto do arquivo pessoal de Jane Eire Nunes |
Eu vou descer,
A hora de sambar chegou,
A hora de sambar chegou,
No morro eu não posso ficar,
Rei Momo foi quem mandou me chamar,
Cidade, boa tarde pra você
O Asas do Samba vai descer
E cantar pra você ver’
Composto por Zé Jardim, harmonizado pelo maestro
Tchacatchá, cantado por Laurindo Trindade, cadenciado pela batuta e pelo apito
de Otaviano e ritmado pelos batuqueiros Pedro
Neto, Cajueiro, Zé Maria, Mundiquim, Sotero, Kleber, Duca, Zeca de Filuca,
Kalil, Simão, Seu Rubens, Ferreira, Raimundim rasteiro, Tico, João Caçambeiro,
Rato, Welbert Oiliveira, Corró, carlinhos Santos, Gudão, Ananias, Dário, Teodoro Andrade, Sérgio Lelo, Moura, Adelino e tantos
outros, esse samba invadiu o carnaval de Bacabal e virou o hino e hoje faz
parte do nosso cancioneiro da nossa grande festa de Momo.
Vestida de vermelho e
branco, cantava e desfilava pelas ruas de Bacabal o Asas do Samba, escola que
fez história e entre tantos capítulos, uma das principais personagens desse
livro tão volumoso, nos deixou assim; sem
entender o enredo desse samba. Dona Zenaide foi morar no céu.
Quando o carnaval se
aproximava, a velha casa na Rua Osvaldo Cruz, em frente ao Hospital Santa
Terezinha, ficava abarrotada de passistas, batuqueiros, mestres-salas,
portas-bandeiras, balizas, destaques, todos com um único objetivo, vestirem as
fantasias desenhadas, costuradas e bordadas por Dona Zenaide, a figurinista do
Asas do Samba, a carnavalesca da cidade.
Contemporânea de Nancy Nunes,
Dulcinéia Nunes, Adelaide e Madian, ela, assim como as outras musas, foram
exaltadas com paixão nos poemas de Brasilino Miranda e nas canções de Vadoca,
raridades que valem ouro e que são preservadas nos acervos de poucos
colecionadores.
Sempre sorridente dentro de
um vestido solto, ela ganhava a vida com uma fita métrica envolta ao seu
pescoço. Amiga, dedicada, aquele jeitinho “moleque” de ser e levar a vida,
sempre lhe deu a aparência de uma “eterna menina”, e assim ela nos deixou, com
toda a essência de quem continua entre nós, e está, em nossas lembranças e na parte
mais rasa do nosso coração, que no fundo, no fundo, bate de saudade como aquele
surdo que invadia a avenida soltando os sons da alegria e anunciando que era
carnaval.
Dona Zenaide sempre teve ao
seu alcance o giz que riscava os mais finos tecidos, a tesoura que cortava , a
linha de seda que em uma agulha de aço, alinhavava a história de tantas
histórias que caberá apenas ao tempo, escrever o último capítulo e com um final
feliz.
Mãe de Giordano, Acléia e
Gilvanete, Dona Zenaide vestiu toda uma cidade, cantou, foi cantada, poetizada,
desenhou, cortou, costurou, cerziu, bordou, e hoje nos olha lá de cima com o
mesmo vestido solto, com a mesma fita métrica no pescoço, cercada de alfinetes
e dedais, com o mesmo sorriso e com a maior felicidade por estar preparando as
fantasias que desfilarão no próximo carnaval do céu.
Fica na paz e um grande
beijo.
Deus te ama, nós também
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