O
ex-ministro José Dirceu (Casa Civil do governo Lula) foi preso pela Polícia
Federal na manhã desta segunda-feira, 3, em Brasília, na 17ª fase da Operação
Lava Jato, batizada de Pixuleco. Dirceu é alvo de prisão preventiva decretada
pelo juiz federal Sérgio Moro, que conduz as investigações.
Além
de Dirceu, foram presos também seu irmão, Luiz Eduardo Oliveira e Silva, que
era sócio na empresa de consultoria e seu ex-assessor Roberto Marques,
conhecido como Bob.
A
Polícia Federal de batizou de Pixuleco a 17ª fase da Operação Lava Jato em alusão ao
termo usado pelo empreiteiro Ricardo Pessoa, presidente da UTC Engenharia, para
denominar propinas recebidas em contratos. Pessoa é apontado pela força-tarefa
da Lava Jato como o “presidente” do clube de empreiteiras que teriam, mediante
pagamento de propinas a agentes públicos, formado cartel para obter vantagens
em contratos junto à Petrobrás.
Nesta
segunda, cerca de 200 policiais federais cumprem ao todo 40 mandados judiciais,
sendo 26 de busca e apreensão, três de prisão preventiva, cinco de prisão
temporária e seis de condução coercitiva. Os mandados estão sendo cumpridos nos
Estado de São Paulo e Rio de Janeiro. Também foram decretadas medidas de
sequestro de imóveis e bloqueio de ativos financeiros.
De
acordo com a PF, esta fase da operação se concentra no cumprimento de medidas
cautelares referentes a “pagamentos de vantagens indevidas oriundas de
contratos com o Poder Público, alcançando beneficiários finais e
‘laranjas’utilizadas nas transações”. Entre os crimes investigados estão
corrupção ativa e passiva, formação de quadrilha, falsidade ideológica e
lavagem de dinheiro.
O
ex- ministro está sob investigação por suposto recebimento de propinas
disfarçadas na forma de consultorias, por meio de sua empresa, a JD Assessoria
e Consultoria, já desativada. Dirceu será transferido ainda hoje para Curitiba,
sede da Lava Jato.
A
Polícia Federal incluiu a JD Assessoria e Consultoria em um grupo de 31
empresas “suspeitas de promoverem operações de lavagem de dinheiro” em
contratos das obras da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco –
construção iniciada em 2007, que deveria custar R$ 4 bilhões e consumiu mais de
R$ 23 bilhões da Petrobrás.
O
documento é o primeiro de uma série de perícias técnicas da Polícia Federal que
apontam um percentual de desvios na Petrobrás de até 20% do valor de contratos.
Esse número é superior aos 3% apontados até aqui nas investigações da Operação
Lava Jato, que incluía apenas a propina dos agentes públicos e políticos.
Foi
identificada movimentação financeira da ordem de R$ 71,4 milhões, tendo como
origem Construções e Comércio Camargo Corrêa S/A e como destino as seguintes
empresas, suspeitas de operarem lavagem de dinheiro: Costa Global Consultoria e
Participações, JD Assessoria e Consultoria; Treviso do Brasil Empreendimentos e
Piemonte Empreendimentos”, registra o laudo 1342/2015 presente nos autos da
Lava Jato.
Ao
firmar acordo de delação premiada, o lobista Milton Pascowitch detalhou suas
ligações com Dirceu. Para a força-tarefa da Operação Lava Jato, as revelações
de Pascowitch foram importantes para definir as próximas linhas da investigação
sobre o ex-ministro. Em troca da delação, o lobista deixou a Custódia da
Polícia Federal em Curitiba (PR), base da Lava Jato, após 39 dias preso.
Após
as afirmações de Pascowitch, a defesa de Dirceu ingressou com habeas corpus
pare evitar uma nova prisão. Os recursos, no entanto, foram negados.
Uma
das primeiras referências ao nome de Bob foi feita pelo doleiro Alberto
Youssef. Ele revelou em sua delação premiada que os ex-ministros José Dirceu e
Antonio Palocci (Casa Civil/governo Dilma Rousseff) eram “as ligações” do
lobista e operador de propina na Petrobrás Julio Gerin Camargo com o PT.
O
doleiro – alvo central da Operação Lava Jato – apontou que o nome José Dirceu
consta do registro de contabilidade de propina com a rubrica “Bob” – suposta
referência ao apelido do ex-assessor do ex-ministro da Casa Civil.
“Julio
Camargo possuía ligações com o Partido dos Trabalhadores, notadamente com José
Dirceu e Antonio Palocci”, afirmou Youssef.
Julio
Camargo, um dos delatores da Lava Jato, citou em julho, em depoimento na
Justiça Federal no Paraná, o deputado Eduardo Cunha (PMDB/RJ), presidente da
Câmara. Segundo Camargo, o deputado o pressionou em 2011 exigindo uma propina
de US$ 5 milhões. Cunha nega.
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