Brilho,
cores, música, festa e animação. A receita para quem curte o Carnaval inclui
todos esses elementos. Mas este ano o carnaval está mais contido! É o folião
com medo da crise. Não é para pouco. Ontem, na véspera dos foliões se
entregarem aos prazeres carnavalescos, o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) divulgou que a taxa de desemprego no país atingiu 12,6% no
trimestre encerrado em janeiro e o número de desempregados ficou em 12,9
milhões. As duas taxas são recordes para a série histórica, iniciada em 2012.
Há um ano, a taxa havia ficado em 9,5%.
Além dos 12,9 milhões
de desempregados que se encontram agora em apuros financeiros. Os trabalhadores
que ainda estão com suas carteiras assinadas ficam apreensivos, com medo de
gastar, afinal, em tempos de crise, não se sabe exatamente como será o dia de
amanhã. E aí sobra mau humor para todos os lados. A população, cada dia com o
dinheiro mais encurtado, segura a onda nos gastos. Soma-se a isso a quantidade
de gastos no início do ano matricula e material escolar de filhos, Imposto
Sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), IPTU, Imposto de Renda,
etc. E o mercado e o varejo sentem as consequências. Uma passada por centros de
compra e a constatação da movimentação menor do que em anos anteriores. Até as
vitrines das lojas estão mais “contidas”.
A busca por passagens
para o período carnavalesco também diminuiu este ano em São Luís, por causa da
crise econômica e do aumento do desemprego. Nos terminais de venda de passagens
de ferryboat, houve redução de 15%, mas paradoxalmente as passagens para o
período se esgotaram.
Sem recursos, muitos
municípios em todo o país cancelaram seu carnaval. Os que mantiveram a folia,
os gastos foram enxugados. É o caso de Santa Inês, a 250 km de São Luís, que
não terá pelo segundo consecutivo a festa devido a crise financeira, e
Itapecuru-Mirim, que também alega ter dívidas importantes para pagar.
Açailândia também divulgou que não fará a festa momesca na cidade porque elegeu
outras prioridades para investir a verba pública. Um raio de luz sobre a
decisão dos prefeitos, visto essa decisão de trabalhar com prioridades, de
interesse do bem comum.
E isso ocorre em todo
o Brasil. Blocos tradicionais no carnaval da Bahia, um dos mais famosos de todo
o país, anunciaram que não vão participar da festa em 2017 em Salvador. Entre
eles, estão os blocos Cheiro, Yes, Nana Banana e Araketu.
A crise tem obrigado
os foliões comuns a buscarem na criatividade uma forma de garantir a festa. Uns
vão preferir aproveitar o período momesco para descansar. Muitos outros farão
suas próprias comemorações. A verdade é que mesmo gostando muito da folia de
momo, a população tem agido com a razão.
O carnaval é a maior
festa popular do país, estimulando o turismo local e a economia formal e
informal. Observar a crise batendo à porta justamente em um dos momentos que o
brasileiro mais faz questão de vivenciar aponta para a urgência de soluções.
Dizem que o ano só começa depois do carnaval. Vamos aguardar.
Editorial de O Estado
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