CONVITE DE ÚLTIMA HORA ...
Há pessoas que só lembram da gente quando o mundo delas já está girando um pouco torto. É curioso observar: a festa começa, o clima aquece, os copos se multiplicam, a música sobe… e, de repente, quando o caldo já entornou de vez, alguém decide que você seria a presença perfeita para “completar o show”.
É sempre assim: estão mais pra lá de Bagdá, embalados pela coragem líquida, e o celular se torna uma espécie de mensageiro da saudade repentina. Aí surge o CONVITE — tardio, tropeçado, quase um pedido de socorro — como se você fosse a cereja de um bolo que já foi devorado. A raspa da panela emocional.
E eu, que aprecio um mínimo de planejamento — e também um pouco de respeito — fico aqui pensando que amizade não se serve como resto de festa. Não me convidem quando o clima já desandou, quando o relógio passou do ponto e o bom senso foi dormir mais cedo.
Se quiserem minha presença, que seja com carinho e antecedência. Na pior das hipóteses, alguns minutos antes de começar a resenha. Passado esse prazo, deixem-me fora do roteiro improvisado.
Paul Getty S Nascimento
poeta, compositor, cronista e membro da APL - Academia Pedreirense de Letras


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