O município de Bacabal vive esse
ano o pleito mais atípico de sua história política e, por várias razões ou
motivos. A primeira dessas razões, ou motivos, é o exagerado número de
pré-candidatos, que podem se tornar candidatos, quando da realização de suas convenções.
Pelo menos 19 nomes já foram
contados, sendo que, 02 deles - o 'empresário' César Brito e o vereador
Florêncio Neto -, já se retiraram da disputa, mas ainda podem ser emplacados
como vices. Outros nomes perderam força pelo caminho e não devem encarar a
disputa. Mesmo assim os 'analistas e especialistas políticos de Bacabal'
avaliam que a eleição contará com, pelo menos, 08 ou 10 candidaturas.
O problema que nenhum desses
'novos' nomes alcança, ou agrada, a grande massa eleitoral e a chamada 'disputa
de fato' deve ficar restrita a 04 ou 05 nomes com maior apelo popular, segundo
os mesmos analistas.
E é dentro desse cenário que
surge o novo Salvador da Pátria do Município, o deputado estadual pernambucano,
mas criado nas ruas de São Tiago e do Norte, Vila Iná Rego, Vila Bessa, Lira,
Belira, Macaúba, Codozinho, Praça da Saudade, Madre Deus, Goiabal. São
Pantaleão e Areinha - José Roberto Costa Santos -, que chegou a Bacabal
carregando a pasta do hoje senador João Alberto Souza e foi pregador de cartazes
em seguidas campanhas do ex-deputado estadual e ex-vice-governador Jurandir
Ferro do Lago Filho.
Em sua primeira tentativa de se
eleger deputado estadual, Roberto Costa foi aquinhoado com cerca de 1200 votos
bacabalenses. Depois disso assumiu o controle da TV Difusora e se aliou ao
prefeito José Alberto Veloso, pulando em votação para quase 10 mil sufrágios.
E aí é que está o X da questão.
Em paralelo, nos últimos 03 anos e nas barbas de todos - Justiça Eleitoral,
Ministério Público Eleitoral e dos seus 'agora' adversários, Costa foi chamado
a ocupar o espaço político que todos deixaram abertos, situação e oposição.
Fez um trabalho simples e barato.
Além de usar um concessão pública para se promover, promoveu, como patrocinador
- da briga de galo ao jogo de castanha - e foi um ecumênico presente em sessões
espíritas, das duas linhas; missas e procissões, cultos e feiras evangélicas.
Festas e jogos não acontecem sem a sua onipresença. Nada além disso.
E Roberto Costa fez esse trabalho
sob o olhar de todos, que não se incomodaram. Em Bacabal contou com a inércia
do prefeito José Alberto Oliveira Veloso, com ausência do deputado federal
Alberto filho e com a cegueira do articulador Gilberto Lacerda.
José Alberto Veloso esqueceu que
foi eleito para ser o prefeito e preferiu continuar gerindo suas fazendas.
Agora, parece, abriu os olhos e está um pouco mais 'ativo'.
Alberto Filho se ocupou em cruzar
o eixo Sítio Novo - São Luís Gonzaga - Teresina - São Luís - Brasília. Continua
fazendo a mesma coisa.
O articulador Gilberto Lacerda
escolheu o caminho das licitações, se tornando, em socorro de Veloso, consultor
administrativo da prefeitura. Só acordou quando Roberto Costa, dentro de sua
outra linha de trabalho - o campo da denúncia -, atacou a gestão de Leonardo
Sousa Lacerda, filho do próprio Gilberto, que é diretor do SAAE.
A desenvoltura de Roberto Costa
contou também com o comedimento do deputado estadual Carlinhos Florêncio. Costa
deitou e rolou na Assembleia Legislativa, usando a tribuna ou não, enquanto
Florêncio assistia a tudo confortavelmente sentado na cadeira destinada a 2ª
secretaria, função que ele ocupa no Poder Legislativo. Carlinhos continua
sentado na mesma cadeira e a sua extensão, o filho Florêncio Neto, vereador em
Bacabal, foi acanhado como opositor. Isso, porque por um bom período, foi o
único vereador de oposição em Bacabal. Florêncio Neto continua com a mesma
dificuldade.
As chamadas oposições de Bacabal
nunca deram a cara e agora formam a grande horda de pré-candidaturas sem nenhum
sentido.
O resultado de tudo isso é que,
hoje, Roberto Costa é o 'Rei da Cocada Preta', José Aberto capenga em uma
tentativa de construir sua pré-candidatura - que passa por reconstruir o seu
mandado -, Carlinhos Florêncio retirou a pré-candidatura do filho - agora
devaneia com problemas definitivos para a pré-candidatura de José Vieira e,
João Alberto Souza se deleita. É dono do maior quinhão e vai negociar, o que
faz isso muito bem.
Veloso, Lacerda e Florêncio foram
buscar abrigo no nome do ex-vereador, ex-prefeito e ex-deputado federal José
Veira Lins, para tentar peitar Roberto Costa. A obra de ressurreição foi feita
por Lacerda, numa espécie de momento Eliseu. Vieira já tinha desistido da vida
pública e vinha de derrotas sucessivas, mas foi o melhor nome encontrado na
busca, ou tentativa de desbancar o nome de Roberto Costa.
A ideia era formar um grande
grupo, mas em política as coisas não andam na mesma velocidade que são
programadas e Veloso acabou se lançando pré-candidato. Ninguém aceita Veloso no
palanque e nem mesmo permitem que ele indique alguém como vice. Mas querem o
'apoio' de Veloso, que já é o responsável pelo 'trabalho' de desconstrução do
nome de Roberto Costa que está sendo realizado em diversos veículos de
comunicação da cidade.
Caso o prefeito José Alberto
Veloso consiga se manter pré-candidato o principal prejudicado será o nome do
deputado Roberto Costa. Veloso e Costa dividem o mesmo contingente eleitoral. A
última vez que a oposição se dividiu em Bacabal, perdeu as eleições.
Aí o palco está pronto para a
entrada em cena do senador João Alberto Souza. Souza tem o poder para abortar a
candidatura de Costa. 'Exigiria' ser 'ele' mesmo o nome de consenso. João
Alberto morreria para ser, novamente, prefeito de Bacabal.
Essa conversa de Roberto Costa
ter lançado o nome dele a reeleição de senador ou candidato a governador é
historinha para criança que tem medo de escuro. O que joão Alberto quer é ser
prefeito de Bacabal.
Há
muito Tempo Zé Vieira desafiou João Aberto para um encontro dentro de uma
'mata', só os dois. Por enquanto esse encontro só se deu na casa dele, Vieira,
e no gabinete de João Alberto.
O Campo está pronto. A real
disputa pode ser João Alberto Souza X José Vieira Lins. As arestas a serem
aparadas para que esse cenário seja concretizado são políticas, então,
factuais.
O que pega mesmo é saber se
Vieira Lins pode, realmente, ser candidato. E se Alberto Souza tem a coragem de
enfrentá-lo. Nesse momento João Alberto, 82, parece ter mais condições físicas
e políticas. José Vieira, 84, mesmo inelegível para muitos, mais condições
eleitorais.
O certo é que ambos já estão
dentro do limite de interdição judicial, mas continuam como os vetores da
política de um município que comprovadamente não se renova em questões
eleitorais.
Bom, mas como sempre bem disse o
velho e bom vereador Manoel Vieira Neres "a política é uma dinâmica e o
que está acontecendo agora, como uma nuvem, se desmancha em poucos
segundos". Isso sem esquecer que João Alberto Sousa também ficaria muito
feliz tendo Roberto Costa como prefeito. Mas, um pouquinho frustrado...
Por Abel Carvalho