DE MÉDICO, LOUCO E FARMACÊUTICO DE WHATSAPP, TODO MUNDO TEM UM POUCO
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Ainda vale — e como vale — a máxima daquele velho ditado: “De médico e louco, todo mundo tem um pouco.” Eu diria até mais: hoje em dia, todo mundo tem também um pouco de farmacêutico, curandeiro e guru da imunidade. Recentemente, peguei uma virose braba daquelas que derrubam até pensamento. Mal consegui levantar da cama e já começaram as notificações: “toma chá de limão com alho”, “passa Vick no pé e põe meia”, “faz inalação com folha de goiabeira”. E isso foi só o começo.
Tem sempre aquele amigo boêmio que jura que “é só uma gripe” e que “no tempo dele, uma cachaça resolvia”. Outro vem com aquele combo milagroso de dipirona + água de coco + oração forte, “targifor C, natus gerin, coquetel de vitaminas injetáveis e até chá de maconha pra garantir”. Já o grupo do WhatsApp da família vira uma farmácia virtual, com mais palpites do quê uma assembleia de condomínio.
O mais curioso é que ninguém te pergunta como você está de verdade — só querem saber se já tomou aquele remédio que curou o primo da vizinha da tia do cunhado. Sinceramente? A virose nem assusta mais, o que assusta é o excesso de receitas caseiras e conselhos médicos vindos de gente que mal sabe medir a própria pressão, mas tem opinião firme sobre antibiótico.
No fim das contas, a gente toma o que tem que tomar, reza pra febre passar e segue rindo das loucuras — nossas e dos outros. Porque, no fundo, o ditado não mente: de médico e louco, realmente, todo mundo tem um pouco. Só muda o grau da receita.
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@poetapaulgetty
Membro da APL - Academia
Pedreirense de Letras