sexta-feira, 6 de setembro de 2013














ATO ECUMÊNICO

Me mancha a pele o ácido glicólico
Mascaro hematomas com cristais de gel
Campeiam os pastores o entardecer bucólico
Varrendo entre os lírios o que restou do céu

Adentra a minha alma o ato ecumênico
Agulha e seringa injetam-me calor
A pedra de amolar com seu roteiro cênico
Manipula ensimesmada o que sobrou da dor

Os sinos dobram aflitos sons ionizados
Sagro o Deus que reza além dos meus pecados
Molho a hóstia em vinho, engulo a cor carmim

Beijo o anjo doido, raso, atarantado
Andante, errante, casto, quase imaculado
Juntando pelas ruas o que sobrou de mim.

Do Livro “ A DOR E EU” de Zé Lopes



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