quinta-feira, 12 de setembro de 2013













DE CABEÇA

Molha-me a alma esse riacho sujo
Sua água podre ao ferimento inflama
E os germes que habitam sua lama
Alimenta o asqueroso caramujo.

Atolo os meus pés e essa ação ridícula
Me deixa o estômago em embrulho
O sanguessuga suga o sangue e eu engulho
E fungos verdes crescem sob a cutícula.

O céu abre as comportas e uma chuva
Torrencialmente cai como uma luva
E leva em enxurrada o lixo todo.

De cabeça a dor pula da ponte
Ao ver que a mais límpida fonte

Também tem sua porção de lodo.

Do livro "Céu de Estanho" de Zé Lopes

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