DE CABEÇA
Molha-me a alma esse riacho
sujo
Sua água podre ao ferimento
inflama
E os germes que habitam sua
lama
Alimenta o asqueroso
caramujo.
Atolo os meus pés e essa ação
ridícula
Me deixa o estômago em
embrulho
O sanguessuga suga o sangue e
eu engulho
E fungos verdes crescem sob a
cutícula.
O céu abre as comportas e uma
chuva
Torrencialmente cai como uma
luva
E leva em enxurrada o lixo
todo.
De cabeça a dor pula da ponte
Ao ver que a mais límpida
fonte
Também tem sua porção de
lodo.
Do livro "Céu de Estanho" de Zé Lopes
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