domingo, 1 de setembro de 2013















O CORPO

Meu próprio corpo repousado em mim
Ousava levitar na calmaria
No intervalo de cada oração
Na pouca luz da vela que ardia.

Nos olhos que choravam sobre a tela
Um lenço embevecido de tristeza
As flores arrumadas na bandeja
Celebrarão a hora da partida.

O cheiro mal que exala empesta o ar
O corpo ali começa a putrefar
O inchaço deixa a pele em rachadura.

As flores já trancadas irão murchar
Ao pó o corpo então retornará
Na fria solidão da sepultura.


Do livro "Céu de Estanho" de Zé Lopes

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