Jamir Lima |
O DIA QUE PERDEMOS UM SHOW POR CULPA DESSES PLANOS MALUCOS
Estávamos em 1992, mais ou menos. Eu e meus filhos
Bruna e Ricardo, na companhia de Rita, que cuidava das crianças, fomos passar
uma semana em Porto Seguro (BA). O
Governo Collor, com todo o
"gás", já havia surpreendido todo mundo com o confisco da poupança.
Era um dia quente, ensolarado, convidativo para praia, o divertimento predileto naquelas cidades litorâneas da Bahia, e Porto Seguro estava no auge. Era o "point".
.
Na cidade, um burburinho, todo mundo agitado. E havia razão para ta l: programado para o estádio da cidade um show , à noite, lá pelas 21 horas, do Jimmy Cliff. Eu estava sem dinheiro no bolso. Bruna e eu e decidimos ir. Não preocupei. Havia pontos que a gente poderia trocar cheques do Banco do Brasil por moeda corrente, ou seja, por cédulas, dinheiro vivo`, afinal de contas estávamos num país tranquilo, sem tremores e terremotos, e que tudo corria dentro dos "conformes", sem altos e baixos, o presidente era duro na queda.
Na cidade, um burburinho, todo mundo agitado. E havia razão para ta l: programado para o estádio da cidade um show , à noite, lá pelas 21 horas, do Jimmy Cliff. Eu estava sem dinheiro no bolso. Bruna e eu e decidimos ir. Não preocupei. Havia pontos que a gente poderia trocar cheques do Banco do Brasil por moeda corrente, ou seja, por cédulas, dinheiro vivo`, afinal de contas estávamos num país tranquilo, sem tremores e terremotos, e que tudo corria dentro dos "conformes", sem altos e baixos, o presidente era duro na queda.
E não é que me aparece um bloqueio geral de tudo,
bem à tarde, não sei se era mudança de moeda, se era corte nos zeros (de praxe,
naquela época). Só sei que entrei em pânico. Ninguém queria trocar cheques,
nenhum farmácia, nenhum ponto do Banco do Brasil, nada, nada mesmo. O pior é
que não tinha saída. Fiquei num mato sem cachorro, sem eira nem beira. A única
alternativa e última oportunidade era tentar na bilheteria do
estádio comprar os ingressos com cheque.
Lá fomos eu e Bruna. Ávidos e motivados pelo show. Embora o Jimmy Cliff morasse
em Salvador, naqueles tempos, tratava-se de um show internacional, que a gente não poderia perder
por nada.
Bom, o resultado tudo mundo pode imaginar. Não
consegui trocar o cheque, nem comprar os ingressos. Tivemos que ouvir os "trinados" e
gritos característicos do Jimmy Cliff de longe, de fora do estádio, lamentando morar
num país em que, a qualquer momento, uma autoridade monetária qualquer resolver
mudar e trancar tudo, e deixar todo mundo a ver navios (no caso em Porto
Seguro, barcos), o que sobrou para nós naquele dia fatídico, resultado desses
planos mirabolantes, feitos sob medida para acabar com um programa que tinha
tudo para dar certo.
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