Zé Jardim |
“Eu
vou falar pra meu amigo Zé Jardim, fazer samba pra esse povo que anda falando
de mim”
(Laurindo Trindade)
“Eu vou descer, a hora
de sambar chegou”. Não é preciso buscar data, mês ou
ano, é bem melhor que só se fale dele e nele, assim, muitas pesquisas virão e o
seu nome estará plantado no mais fértil adubo do mais belo jardim. É preciso
regar com todo esmero a terra que fez nascer o Zé mais cultural e mais importante da história de Bacabal, o
Zé Jardim.
Poeta e compositor, ele
é um espelho onde as cores vermelho e branco se fundem para dar luz e brilho a
sua escola de samba de coração. Fundador do Asas do Samba, ele é contemporâneo de
Zeca de Filuca, Pedro Neto, Tchacathá, Laurindo, Telê (irmão) e seu Rubens (em memória), Cajueiro,
dentre outros. Precursor do samba de pique, aquele feito para desbancar a outra
escola, ele foi autor da maioria dos de sua turma.
Disputava com Pedro Paulo
– Boêmios, Durval –Salgueiro e Tôca – Estrela, as composições mais
interessantes, e sempre caia no gosto popular. Zé Jardim acompanhou a evolução
do nosso carnaval de turma, desde a formação com tambores de compensado cobertos
com couro de bode, as retintas com couro
de cobra, até a modernidade com latão e nylon e os sambas bem mais técnicos do
que inspirados.
Autor de sambas
antológicos, “Eu vou descer, a hora de sambar chegou, no morro eu não posso
ficar, rei Momo foi quem mandou me chamar”, sua turma, ou melhor o Asas do Samba
vasculhava Bacabal, cadenciado pelo apito de Otaviano e ganhava as salvas e os
aplausos no jargão “vai querer vai querer, para nós nada...” era o melhor
carnaval dos tempos.
“Antes era mata virgem,
índios seus habitantes primitivos, bacabeiras deram origem ao nome da cidade,
que hoje exalto aqui...” Já mais maduro, Zé jardim já despontava como um dos
grandes talentos para o samba, não só de Bacabal, mas do Maranhão e do Brasil e
a cada ano, acumulava títulos, homenagens e troféus.
Remanescente de festivais de
música, inteligente, com ares irreverentes, improvisador e carregado de humor,
ele fez jiggles para políticos, sendo até mesmo,
ameaçado, pelo teor irônico de suas letras.. Zé Jardim, carrega nos ombros e
divide esse peso com a vida, o bom e gostoso fardo de se dizer “do samba”, logo os seus
filhos, são sambistas natos, são cantores de samba e donos de
grupo, o "Sambinha e CIA".
Zé Jardim tem uma
grande obra, mas que ainda é desconhecida do público. O cantor e compositor Perboire
Ribeiro, gravou em seu CD, “Bacabal e
suas glórias”. E artistas locais, a exemplo de Zé Lopes, cantam suas músicas e
Abel Carvalho, também prestigia o compositor em suas produções. Zé jardim também
é fundador da “Turma do Pó”, bloco alternativo que faz o carnaval no bar do
saudoso Bulão, e desfila nas ruas da cidade em meio a uma fumaça de pó e maisena.
Zé está além de todos
os jardins e no Jardim em que ele plantou sua semente, nasceu o samba em forma
de flor e em vez de pétalas, criou Asas e voou pro mundo.
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