Serrão em show acompanhado por Raimundinho e Otávio Filho |
" Eu quero um cheiro, quero um cheiro, quero um cheiro verde, Cheiro verde de terra molhada"
Quando
a música nordestina invadiu o Brasil lá pela década de oitenta, Bacabal também dava
seus primeiros passos para conquistar um espaço na tão falada MPB – Música Popular
Brasileira. Alguns artistas como Osvaldino Pinho, Otávio Filho, Flávio
Passarinho, Raimundinho Lima, Galêgo, Zé Lopes, Abel Carvalho, Assis Viola,
Marcos Boa Fé, Perboire Ribeiro, Dalva Lopes, Erivelton Lago, dentre outros,
iniciavam suas carreiras, aprendendo os primeiros acordes ao violão, ensinado
pelo velho maestro Tchaka, rabiscando as primeiras composições e imaginando o
sucesso, embalados pelos temas do momento, o sertão, a terra, o final do
século, a América Latina, a religião, o sincretismo, o amor, tudo isso em uma
linguagem rebuscada, coisas da época, e com ritmos nordestinos, como xote,
baião, xaxado, forró, bumba-meu-boi e fusões rítmicas que só enriqueciam as
obras.
Manoel Serrão Silveira Lacerda, ou Serrão,
como até hoje é chamado, era um desses artistas bacabalenses. Ainda menino,
Serrão era de uma trupe diferenciada na cidade, de família grande e
tradicional, ele estudou no CONASA - colégio de Nossa Senhora dos Anjos e jogou bola em
campos daquela época como o do Ginásio, do Rato, do Feijão, da Barroca e
principalmente o do Sítio do Gerônimo, esse ficava no fundo do seu quintal.
Serrão era goleiro e é torcedor do Fluminense..
Serrão e Rennan na Banda Marcial do CONASA |
De
musicalidade afluente, ele nunca teve aptidões para cordas e teclas, mas a
percussão sempre lhe deu notoriedade, começando pelas bandas marciais do seu
colégio - CONASA - nos desfiles de sete de setembro. De cabelos compridos, rosto bonito e
inspiração brotando por todos os poros, ele deixou Bacabal para estudar direito
em Recife. Junto com leis, artigos, incisos, parágrafos, também sobravam espaços
para letras, melodias, harmonias, arranjos e interpretações. Esse era o Serrão
artista, o Serrão, cantor, compositor que, mesmo sem tocar nenhum instrumento harmônico, é dono de belas canções, com melodias ricas e ritmos acentuados. Letras nem se fala.
Afinado
na voz e afinado com os grandes nomes da música da época, ele foi quem mostrou
para os artistas bacabalenses, o som do Quinteto Violado, Banda do Pau e Corda,
Geraldo Azevedo, Ericson Luna dentre outros nordestinos. Dono de um estilo próprio, tênis all starr ou alpercata de couro cru, camiseta branca por dentro de uma calça branca segura
por um cinto de couro cru, Serrão se lançou nos palcos de Recife, cantando suas
composições, sempre sentado e tocando entre as pernas, a sua inseparável timba, ele lotou salas, auditórios, teatros, bares, casas de shows e afins. Ele também se apresentou em Bacabal e São Luis,
Autor
de clássicos como “Cheiro Verde” e “Afro-perfume”, essa última defendida por
Celso Reis no 9º UNIREGGAE – Festival Universitário de Reggae, Serrão é autor
de uma grande obra ainda desconhecida do público, mas, em sua rede social, está
sempre divulgando seus poemas. Morando atualmente em Coroatá, ele exerce a
profissão de advogado, é produtor cultural e pré-candidato a vereador de Coroatá.
Serrão em seu lazer |
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