As surpresas sempre vem de
forma bizarra, seja pra que adjetivo
for, principalmente quando é desagradável, aí bate
um desespero, uma desolação, uma
tristeza profunda e com isso a auto-pergunta – Meu Deus, quem será o próximo? E
junto com ela a incerteza do destino do nosso próximo passo. E mais uma vez uma
pessoa querida é retirada para sempre do nosso convívio.
E o coração de Helena parou
de bater.
A relação entre a minha
família e a família de Helena nasceu de uma forma engraçada. Eu e minha irmã
Dalva Lopes, ainda criancinhas, fomos levados pela manhã por nossa mãe dona Anazilde, para o Colégio Santa
Rosa, onde trabalhava como secretária. Era época de férias e minha mãe
organizava as cadernetas. Na hora da merenda, comemos sardinha em lata com
farinha e logo após o lanche, nossa mãe nos mandou ir postar uma carta no
correio e de lá pra casa.
Recém chegada a Bacabal, Helena , na agencia, nos atendeu e
ao sentir o cheiro da sardinha que ainda estava em mim e na minha irmã,
olhou-nos e detonou: - Eita que vocês
comeram peixe e não lavaram as mãos.
Aquela frase ficou gravada no nosso consciente e toda vez que estávamos juntos,
dávamos bastante risadas dessa faceta.
Já crescido, servindo o
exército no Tiro de Guerra, Douglas, seu
filho, ainda criança, me chamava de soldado e certa vez ,perto da minha casa o
vi chorando, sentado no chão, segurando o pé todo ensanguentado. Tinha pisado
em uma pedra pontiaguda e levado um
grande corte. Peguei-o nos braços e fui correndo até o hospital Santa Terezinha
e de lá fui até o Correio avisar a sua mãe.
Fã e amigo do seu esposo Lambal,
que tenho a honra de eternizar algumas histórias suas em meu livro, sempre
a chamei de princesa Helena e Geysa, sua filha, eu a chamo de
princesinha. Esse laço se mantém até hoje. Helena é grande amiga, é
principalmente amiga-irmã da minha irmã Dalva Lopes, sempre estavam juntas, principalmente porque Dalva era quem cuidava dos seus
cabelos.
Helena era uma negra bonita,
vaidosa, gostava de se vestir bem, cuidava bem dos cabelos, das unhas,da pele, gostava de boa
música, tinha a fala mansa e acentuada, querida por todos, casada com o desportista
Edmilson Santos, o popular Lambal e mãe de um casal de filhos, Douglas e Geysa.
Era funcionária aposentada das Empresas de Correios e Telégrafos.
Apesar de ser ludovicense, Helena
viveu em Bacabal e viveu Bacabal , terra que hoje lhe deu o repouso eterno e
será o arauto da sua história, história essa de retidão, de conquistas e de amor
ao próximo.
Helena nos deixa em dias de
festa, em dias alegres como gostava de
viver e viaja para o céu com uma séria incumbência, com uma grande
responsabilidade. Ela que já organizou cartas endereçadas aos mais inimagináveis
lugares, terá alem da incumbência e responsabilidade, a honra de entregar em mãos, todas as cartas
endereçadas para Deus.
Fique bem ao lado dele.
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