O Estado – A inclusão do governador do Maranhão, Flávio
Dino (PCdoB), no rol de possíveis investigados por suspeita de recebimento de
dinheiro de caixa dois da Odebrecht na campanha eleitoral de 2010 levou a
comentários de análises de lideranças e observadores da cena política local
comentaram nos últimos dias.
Em
depoimento à força-tarefa da Operação Lava Jato, o ex-funcionário da Odebrecht
detalhou o pagamento de R$ 200 mil à campanha de Flávio Dino em 2010, em troca
do apoio do comunista, então deputado federal, ao Projeto de Lei nº 2.279/2007,
de interesse da empreiteira, na Câmara dos Deputados.
Outros R$
200 mil foram pagos na campanha de 2014, segundo ele, de forma oficial. A
proposta, então em tramitação na Câmara, garantiria segurança jurídica a
investimentos da construtora em Cuba, em virtude do embargo econômico dos
Estados Unidos à ilha comunista.
No
Maranhão, o caso repercute desde o anúncio oficial de que o comunista estava na
“Lista de Fachin” – no caso dele, a petição da Procuradoria-Geral da República
(PGR) será encaminhada ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).
O ex-juiz
Marlon Reis – um dos autores da Lei da Ficha Limpa e atual nome do Rede no
estado para a disputa pelo Senado -, foi quem mais se manifestou até agora.
Ontem,
por exemplo, criticou, por meio de postagem na sua conta pessoal no Twitter, a
tentativa de abafar a Lava Jato com a justificativa de salvar a política.
“Agora
corruptos de diversos partidos tramam abafar a Lava Jato como forma de salvar a
‘política’. Querem salvar as próprias peles”, afirmou.
Ele não
chegou a citar diretamente o governador maranhense, mas a declaração é um
recado claro. Um dia antes, Dino havia usado também as redes sociais para
propor uma “tática” que se estabelecesse como uma “saída política” para o caos
instalado atualmente no país.
“Cabe à
esquerda e ao centro democrático concertar uma saída política para o caos
institucional. Fora da Política não há salvação real”, escreveu.
Caixa
dois – Outro comentário de Reis, esse mais diretamente relacionado a Flávio
Dino, referia-se a seu conceito sobre caixa dois.
Para o
membro do Rede Sustentabilidade, o recebimento de doações não contabilizadas em
campanhas eleitorais deve ser mesmo considerado crime. “Caixa 2 é corrupção qualificada
pela lesa pátria”, defende.
MAIS
O
conceito de que caixa dois é crime é também compartilhada pelo
subprocurador-geral da República, Nicolao Dino, irmão do governador Flávio
Dino. Meses antes de o comunista ser incluído na Lava Jato sob suspeita de
receber R$ 200 mil dessa forma, ele havia declarado, durante o Seminário
Reforma Política Eleitoral no Brasil, que “caixa dois é um fenômeno tão nocivo
para o processo democrático quanto a corrupção”.
Dino é criticado até por adversários de Sarney
A
inclusão do governador Flávio Dino (PCdoB) na chamada “Lista de Fachin”
provocou reações contrárias ao comunista mesmo de lideranças que se opõem ao
grupo do ex-presidente José Sarney (PMDB) no Maranhão.
Em artigo
divulgado no fim de semana, por exemplo, o jornalista, médico e advogado João
Bentivi comparou o aparecimento do comunista no caso com o fato de que figuras
proeminentes “sarneísmo” estão fora da Lava Jato, dentre elas a principal
adversária do governador, Roseana Sarney (PMDB).
“Está,
pois, estabelecido o inevitável maniqueismo, mesmo nesse mar de incertezas, de
constatações inapagáveis e volumosas surpresas. O nosso governador, na primeira
infância da política, ainda que eu creia na sua honestidade (e creio) tem que
se explicar e está se explicando. É mau. É mal”, escreveu.
Já Igor
Lago, filho do ex-governador Jackson Lago (PDT), mesmo sem aliviar os
“sarneístas”, criticou o grupo do governador, que tanto atacou seus
oposicionistas nos últimos anos.
“A política [no Maranhão] resumiu-se aos
sarneístas e seus dissidentes. O resultado não poderia ser pior: o sujo falando
do mal lavado.”, comentou
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