És bela, não aos olhos
do homem
Mas
do poeta
Que
te viu mato e areia
Enchentes,
medonhas cheias
Cercada
de vicinais
Império
de algodoais
Usinas
e arrozais
De
verdes canaviais
Enormes
babaçuais
De
“ais” de tanto sucesso
Do
mal chamado progresso
Que
te fez selva de pedra
Um
pouco de tudo que medra
Pelo
tino da grandeza
És
hoje uma fortaleza
Altiva
e altaneira
Próspera
e hospitaleira
Berço
de ambição
Busca
de solução
És
do mundo a primeira
A
ter duas padroeiras
Terezinha
e Conceição
Que
na fé da oração
Te
fez tão religiosa
A
árvore mais frondosa
Carregada
de fiéis
Que
ajoelham aos santos pés
Da
santa filha da terra
Caminhada
que se encerra
Ali
na beira da estrada
Onde
amanhece calada
E
anoitece iluminada
Pela
luz que nos permite
Na
capela solitária
Pelos
devotos de Edite
A
milagreira dessa gente
Que
de tanta dor não sente
Os
cravos do sacrifício
Escravos
do mesmo ofício
Da
esperança derradeira
Que
assim de tão rotineira
A
vida perdeu o rumo
Passando
fora do prumo
N’um
vai e vem inconstante
Como
a balsa que distante
Só
precisa da corrente
Das
águas do manso rio
Pra
vencer o desafio
E
chegar ao seu destino
Pela
voz de um menino
Que
ali entre biscates
Camelôs
e engraxates
Prostitutas,
sacoleiras
Vai
fazendo a sua feira
Vendendo
doces, besteiras
Churrasquinho
no palito
Pão
doce e picolé
Cocada
e sacolé
Quebra-queixo
e pirulito
Ganhando
a vida no grito
Num
tum-tum cansado e aflito
Das
lanchas, dos batelões
Peões
carregando a dor
Nas
costas do estivador
Que
canta uma moda triste
Para
esquecer que existe
O
peso de todo dia
Nas
cargas dentro da estopa
No
suor que encharca a roupa
Roupa
que enche a bacia
O
fardo da lavadeira
Que
n’um tronco de madeira
Com
um cacete na mão
Bucha,
anil e sabão
Vai
lavando a sujeira
Quarando
sua canseira
Estendendo
sobre as plantas
No
sobe e desce das rampas
Por
cima do mussambê
Barro,
areia, massapé
Pulitrica,
mortal, cangapé
O
prego, o vidro no pé
A
arte da meninice
Que
aos beliscões de Elisa
E
a palmatória de Alice
Aprendia
o A,B,C
Soletrava
o bê-a-bá
Salteava
a tabuada
Trazia
a lição decorada
Escrevia
tudo, era só ditar.
Iranize
fez o hino
E
os livros de Brasilino
Com
seus versos, poesia
Enchia
de alegria
Um
recital que ensina
A
aprender Anrelina
A
poetisa mulher
E
n’um pequeno papel
Nossa
Cledy Maciel
Escrevia
um texto inteiro
Como
um verso primeiro
Com
carinho, sem igual
Refletindo
uma saudade
De
uma crescente cidade
Que
se chama Bacabal.
Zé Lopes
Do livro - Bacabal Alves de Abreu Souza Silva de
Mendonça e da Infância Perdida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário