TERRA
DE ABUTRES
Tive meu corpo abatido
N’um
matadouro clandestino.
Esquartejado,
meus pedaços
Foram
pendurados em ganchos
E
expostos n’um açougue imundo,
Sem
os mínimos padrões de higiene
E
fui vendido em quilos.
Os
ossos descarnados
Foram
parar n’uma usina
De
trituração
E
só sobrou meu berro
Que
de tão alto
E
tão aterrorizante
Deixou
no ar o medo
Que
tantos outros de mim,
Na
fila do sacrifício
Rebelaram-se,
Quebraram
a porteira e escaparam
Deixando
para trás
O
cheiro de sangue e carne podre
E
o vil pesadelo de ser mortal
Em
terra de abutres.
Zé Lopes
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