EUFRÁZIO E A ONÇA (Parte I)
Eufrázio tem um terreno
No povoado Bambú
Mas de uns dias pra cá
Começou um sururu
O povo muito assustado
Tremendo, desesperado
Armou uma geringonça
Pois corre solto um boato
Que alí naquele mato
Está morando uma onça.
Eufrázio chamou Pinheiro
Que tem um terreno atrás
Chamou Cleuton e Osvaldino
Pra ver como é que faz
Pois essa tal de pintada
Está deixando apavorada
Toda aquela região
E alí juntaram uma grana
E por um grande valor
Para matar a bichana
Contrataram um caçador.
O povo conta que A onça
Já matou muitas galinhas
Comeu pato e peru
E até as ovelhinhas
E quando chega a noitinha
Começa logo o tormento
Mata boi, risca cavalo
Estraçalha o jumento
É sangue, carniça e dor
Mas nas mãos do caçador
Está o fim do lamento.
O homem chegou de dia
E sumiu dentro do mato
Levando uma espingarda
Cachaça, fogo e tabaco
Faca, facão e açoite
Não se sabe para quê
Pois é sabido e dá pra ver
Que onça só sai de noite.
Além do mais, a bichana
Tem proteção do IBAMA
E assim não pode morrer.
Voltou bastante assustado
Com tudo que viu no mato
Sentiu cheiro de carniça
Urubus comendo um fato
Viu rastro e não era pouco
Rumo a Lagoa do Toco
Onde a bicha vai beber
E com medo do rebu
Despediu-se do Bambú
Pra não mais aparecer.
Eufrázio muito invocado
Fez uma reunião
Disse ao povo do Bambú
Pra não ter preocupação
Pois de agora em diante
Ele vai lutar bastante
E resolver a questão.
E o povo preocupado
Pois sabe que o doutor
É oftalmologista
Nunca foi um matador
É grande a sua responsa
Pois mexer com uma onça
Pode acabar em horror.
Eufrázio disse pro povo
Não ficar preocupado
Pois lidar com o perigo
Já está acostumado
Por isso está terminando
Seu curso de advogado
E pra que todo bambuense
Fique alegre e feliz
Ele disse com emoção
-
Vou pegar a onça a mão
E
levar pra São Luis.