domingo, 10 de novembro de 2013

MENU PARA DESJEJUM SEM COLESTEROL

   


Com muito orgulho, recebi das mãos do multi facetado homem cultural, Jorge Passinho, o seu livro  “Menu para desjejum (sem colesterol)”  , para prefaciá-lo, e vi, que ainda existe poesia, ela está viva, bem ao alcance das mãos e dos olhos. Ela nos alimenta.                                          
PREFACIO
É muito difícil escrever um prefácio, que na verdade deveria ser chamado pré-fácil, adjetivo que antecede o fácil, portanto, muito difícil. E que responsabilidade a minha, abrir este menu, cheio de opções, pensadas por este mestre multi-personal da poesia e auferir sem ferir, informações sobres essas guloseimas que não engordam e nem fazem mal, mas que alimentam a mente, os olhos e sustentam os corpos da alma e eles são tantos que se sobrepõem a todos os ingredientes, que misturados, aumentam a ins(piração) do poeta.   E eu que pensava que conhecia tudo de poesia, de todos os renomados autores, que já tinha degustado os mais saborosos e requintados pratos nas melhores casas deste mundo de palavras e frases, me enganei e acho que demorei muito tempo para descobrir, ou melhor, para admitir, que as coisas mais belas, estão tão perto, ao alcance dos olhos e, por acharmos o comum, comum, não darmos tanta importância. Apesar do caviar e do faisão, um bom feijão com arroz e um ovo frito, dependendo da situação, é um prato de primeira, mas não é poesia. Esse estrambólico metre,vestido a caráter, entrega para a livre escolha, esse “Menu para desjejum (sem colesterol)”onde as mais diversas opções são servidas em folhas de papel e como entrada uma sopa, não de letrinhas, mas de palavras e frases, acompanhadas do pão amassado pelas mãos da poesia. Ou do poeta? Profundo degustador, agora cabe a mim a dura missão de decifrar e comparar, produto final e criador, n’uma guerra de sabores, cores e odores onde o antiácido é desnecessário, pois a digestão é prazerosa. Esse louco iluminado, que se desdobra em antagonismos e assume um papel de ingênuo para mascarar seus sentimentos, sejam eles sujos ou mal lavados, é Jorge Passinho, autor da mais nova receita para se fazer a moderna poesia. Mas poesia tem receita? A de Jorge Passinho tem, e seus ingredientes são inimagináveis, é um complô armado contra o trivial onde ele consegue, numa mistura homogênea de palavras, inventar um prato nunca imaginado e para qualquer apresentação, é preciso, também, inventar palavras. Ele consegue rimar o inirrimável e se fazer entender. Jorge Passinho é promíscuo quando curra a sua poesia e a submete aos mais lascivos atos de sevícias, ao mesmo tempo em que é amante e romântico e a enlaça em um abraço profundo com beijos ardentes. Ele funde dor, odor e dolo e usa, sem pedir licença, de todas as licenças e as não licenças poéticas para engrossar o caldo dos seus escritos. Jorge Passinho é sádico, é malvado, é transgressor e está sempre cometendo infrações ao pisotear sua poesia, ao cuspir na sua poesia, ao embebedar a sua poesia. Ele faz tudo isso para que ela tenha prazer, pois a sua poesia é masoquista ao extremo e morre de prazer por ser ludovicense, maranhense, brasileira, ao mesmo tempo em que é faquirda realidade poética universal. Jorge Passinho consegue ir muito mais além quando pratica incesto com sua filha/poesia e a estupra e ejacula no seu interior seu sêmen fértil e engravida-ae contrariando a genética, nascem netas/poesias perfeitas, sem nenhum mal associado.  Não há o que temer em comer todos os pratos desse menu, todos tem a composição exata para agradar ao paladar e manter a forma. Com isso e com mais uma taça de um bom vinho, posso afirmar que a poesia de Jorge Passinho alcançou oseu objetivo, é o “Menu para desjejum” que todos os chefes intelectuais gostariam de apresentar a seus clientes e com direito a uma gorda gorjeta. Pois é, Jorge Passinho, eu bem que tentei decifrá-lo e compara-lo, mas você é indecifrável e não tem comparação. E vamos comer ´porque a fome de poesia é eterna e vicia.
Zé Lopes

HOJE EU JÁ SEI O QUE SOU

Hoje
Eu sou
Só saudade
Saudade de quê?
Saudade de tudo que foi importante na minha vida
E o que já foi e o que não foi...
Saudade no quarto quando vejo os retratos, os amigos, os fatos
Saudade de quem nunca mais vi, do que nunca mais ri...
Saudade do meu primeiro, do meu segundo, do meu terceiro...
Dos meus amores que vivi
Das brigas e das dores
Saudade de quem partiu, de quem sumiu
De quem não veio
Saudade de onde não fui
Saudade daquilo que passou ligeiro
Daquilo que chegou sorrateiro
Saudade das canções
Saudade do cheiro, da cozinha e do tempero
Saudade não tem cor
Mas deixa essa dor
E nada me deixa mais contente
Em saber que o que está ausente
Já foi meu presente

Hoje eu já sei o que sou...


Jorge Passinho

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