Com muito orgulho, recebi das mãos do multi facetado homem cultural, Jorge Passinho, o seu livro “Menu para desjejum (sem colesterol)” , para prefaciá-lo, e vi, que ainda existe poesia, ela está viva, bem ao alcance das mãos e dos olhos. Ela nos alimenta.
PREFACIO
É muito difícil escrever um prefácio, que na verdade
deveria ser chamado pré-fácil, adjetivo que antecede o fácil, portanto, muito
difícil. E que responsabilidade a minha, abrir este menu, cheio de opções,
pensadas por este mestre multi-personal da poesia e auferir sem ferir,
informações sobres essas guloseimas que não engordam e nem fazem mal, mas que
alimentam a mente, os olhos e sustentam os corpos da alma e eles são tantos que
se sobrepõem a todos os ingredientes, que misturados, aumentam a ins(piração)
do poeta. E eu que pensava que conhecia
tudo de poesia, de todos os renomados autores, que já tinha degustado os mais
saborosos e requintados pratos nas melhores casas deste mundo de palavras e frases,
me enganei e acho que demorei muito tempo para descobrir, ou melhor, para
admitir, que as coisas mais belas, estão tão perto, ao alcance dos olhos e, por
acharmos o comum, comum, não darmos tanta importância. Apesar do caviar e do
faisão, um bom feijão com arroz e um ovo frito, dependendo da situação, é um
prato de primeira, mas não é poesia. Esse estrambólico metre,vestido a caráter,
entrega para a livre escolha, esse “Menu para desjejum (sem colesterol)”onde as
mais diversas opções são servidas em folhas de papel e como entrada uma sopa,
não de letrinhas, mas de palavras e frases, acompanhadas do pão amassado pelas
mãos da poesia. Ou do poeta? Profundo degustador, agora cabe a mim a dura
missão de decifrar e comparar, produto final e criador, n’uma guerra de sabores,
cores e odores onde o antiácido é desnecessário, pois a digestão é prazerosa. Esse
louco iluminado, que se desdobra em antagonismos e assume um papel de ingênuo
para mascarar seus sentimentos, sejam eles sujos ou mal lavados, é Jorge
Passinho, autor da mais nova receita para se fazer a moderna poesia. Mas poesia
tem receita? A de Jorge Passinho tem, e seus ingredientes são inimagináveis, é
um complô armado contra o trivial onde ele consegue, numa mistura homogênea de
palavras, inventar um prato nunca imaginado e para qualquer apresentação, é
preciso, também, inventar palavras. Ele consegue rimar o inirrimável e se
fazer entender. Jorge Passinho é promíscuo quando curra a sua poesia e a
submete aos mais lascivos atos de sevícias, ao mesmo tempo em que é amante e
romântico e a enlaça em um abraço profundo com beijos ardentes. Ele funde dor,
odor e dolo e usa, sem pedir licença, de todas as licenças e as não licenças
poéticas para engrossar o caldo dos seus escritos. Jorge Passinho é sádico, é
malvado, é transgressor e está sempre cometendo infrações ao pisotear sua
poesia, ao cuspir na sua poesia, ao embebedar a sua poesia. Ele faz tudo isso
para que ela tenha prazer, pois a sua poesia é masoquista ao extremo e morre de
prazer por ser ludovicense, maranhense, brasileira, ao mesmo tempo em que é
faquirda realidade poética universal. Jorge Passinho consegue ir muito mais
além quando pratica incesto com sua filha/poesia e a estupra e ejacula no seu
interior seu sêmen fértil e engravida-ae contrariando a genética, nascem
netas/poesias perfeitas, sem nenhum mal associado. Não há o que temer em comer todos os pratos
desse menu, todos tem a composição exata para agradar ao paladar e manter a
forma. Com isso e com mais uma taça de um bom vinho, posso afirmar que a poesia
de Jorge Passinho alcançou oseu objetivo, é o “Menu para desjejum” que todos os
chefes intelectuais gostariam de apresentar a seus clientes e com direito a uma
gorda gorjeta. Pois é, Jorge Passinho, eu bem que tentei decifrá-lo e
compara-lo, mas você é indecifrável e não tem comparação. E vamos comer ´porque
a fome de poesia é eterna e vicia.
Zé Lopes
HOJE EU JÁ SEI O QUE SOU
Hoje
Eu
sou
Só
saudade
Saudade
de quê?
Saudade
de tudo que foi importante na minha vida
E
o que já foi e o que não foi...
Saudade
no quarto quando vejo os retratos, os amigos, os fatos
Saudade
de quem nunca mais vi, do que nunca mais ri...
Saudade
do meu primeiro, do meu segundo, do meu terceiro...
Dos
meus amores que vivi
Das
brigas e das dores
Saudade
de quem partiu, de quem sumiu
De
quem não veio
Saudade
de onde não fui
Saudade
daquilo que passou ligeiro
Daquilo
que chegou sorrateiro
Saudade
das canções
Saudade
do cheiro, da cozinha e do tempero
Saudade
não tem cor
Mas
deixa essa dor
E nada
me deixa mais contente
Em
saber que o que está ausente
Já
foi meu presente
Hoje
eu já sei o que sou...
Jorge Passinho
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