A Comissão
Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) manifesta preocupação pelo alto
número de mortes violentas ocorridas desde o início do ano de 2013, em centros
penitenciários do estado do Maranhão, Brasil, particularmente no Complexo
Penitenciário de Pedrinhas. A CIDH insta o Estado a adotar as medidas
pertinentes para evitar a repetição de fatos similares e a investigar e
sancionar aos responsáveis.
De acordo com informações de conhecimento público, do início de 2013 até
o momento, 47 internos teriam sido mortos e vários outros resultaram feridos no
Sistema Penitenciário do estado do Maranhão. Segundo a informação recebida, 41
dessas mortes ocorreram no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, das quais 17 só
em outubro. De acordo com fontes oficiais, no dia 10 de outubro o Governo do
Estado do Maranhão havia decretado Situação de Emergência no Sistema
Penitenciário do Maranhão por 180 dias.
Em atenção a esses fatos, a CIDH reitera que os Estados, como garantidores
dos direitos das pessoas privadas de liberdade, têm o dever fundamental de
assegurar o controle e a segurança interna das prisões. O devido controle da
ordem interna nas prisões por parte das autoridades é o pressuposto essencial
para garantir os direitos humanos das pessoas privadas de liberdade.
Igualmente, os Estados têm a obrigação de investigar de ofício e com a devida
diligência todas as mortes de pessoas que se encontrem sob sua custódia.
Nesse contexto, a Comissão Interamericana faz um chamado urgente às
autoridades brasileiras dos distintos níveis de Governo e dos poderes públicos
competentes, a fim de que adotem as medidas idôneas, incluindo reformas
estruturais, destinadas a prevenir focos de violência nos centros
penitenciários. Nesse sentido, entre as medidas concretas que o Estado deve
adotar estão: o desarmamento da população reclusa e os controles efetivos do
ingresso de armas e outros objetos ilícitos; o incremento de pessoal destinado
à segurança e vigilância interior; a redução dos níveis de lotação; a
investigação e sanção dos atos de violência e corrupção que se registrem dentro
dos centros penitenciários; e a prevenção das atividades das organizações
criminais presentes nas prisões.
A CIDH é um órgão principal e autônomo da Organização dos Estados
Americanos (OEA), cujo mandato surge da Carta da OEA e da Convenção Americana
sobre Direitos Humanos. A Comissão Interamericana tem o mandato de promover a
observância dos direitos humanos na região e atua como órgão consultivo da OEA na
matéria. A CIDH está integrada por sete membros independentes que são eleitos
pela Assembléia Geral da OEA a título pessoal, e não representam seus países de
origem ou residência.
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