A PRAÇA NÃO É MAIS DO POVO, É DO DONO DO BAR

Praça Catulo da Paixão

“A praça é do povo como o céu é do avião”, cantava Caetano Veloso nos seus Muitos Carnavais pelas vozes do Brasil. O cancioneiro popular brasileiro é abarrotado de músicas que falam da praça e um campeão de audiência há mais de trinta anos , é o programa de humor “A praça é Nossa”, veiculado semanalmente pelo SBT – Sistema Brasileiro de Televisão.  A praça sempre foi a vida de uma cidade, é o lugar dos encontros noturnos de casais apaixonados, é o lugar onde os amigos se encontram para um bom bate papo, uma boa roda de violão, para uma leitura solitária e até para reflexão e descanso. Quem nunca namorou na praça, quem nunca conversou na praça, quem nunca deitou num banco de praça para contar estrelas. A praça é o corpo da cidade, a alma dos amantes, o coração  dos poetas.

Praça santa Terezinha

Na contra mão dos planos diretores, a nossa cidade é ilhada, cercada de praças por todos os lados  e num raio de duzentos metros, no centro da cidade, no foco das badalações, da para contar de cinco a seis.  O que vem acontecendo, com os olhos mansos  da secretaria de urbanismo e com a complacência da administração pública, pouco a pouco as praças estão sendo privatizadas, deformadas e adaptadas pelos novos posseiros, alguns dando ao bem público, uma cara bem particular.

Para o jornalista Abel Carvalho, não há nada de errado em privatizar as praças, desde que as pessoas que estão se servindo, ganhando dinheiro – e não é pouco- cuidem bem desse patrimônio. O que acontece é que as praças estão tomadas de bares, biroscas, restaurantes e a cada dia a degradação é vista maior  e ganha força com a ação dos vândalos.

Colégio 17 de Abril

Para o blogueiro e estudante de direito Louremar Fernandes, a proliferação de bares em praças, evidencia o despreparo e descompromisso da administração pública para com o povo. Em Atenas, diz ele, a ágora era o lugar onde o povo podia se expressar. É a praça, um lugar onde deve ser proporcionada a condição do povo ser livre, de reunião, de entretenimento.

Durante os fins de semana de novembro, a secretaria municipal de cultura fez da praça Santa Terezinha, um palco para os artistas locais, foi o projeto “Cultura na Praça”, um bom sinal de revitalização e corre nos bastidores a informação que o secretário José Clécio, como representante do Mara Cap, fez com os sócios do Título um acordo de gaveta para recuperação das praças locais, algo justo e inteligente.

Praça Catulo da Paixão concretada

Quem vê a Praça São José, se não a mais bela, uma das mais importantes pela sua localização, pela sua estrutura, recuperada há bem pouco tempo e palco do Festival de Música carnavalesca, vandalizada agoniza, apodrece, se extingue, como referencia,  bem em frente do Colégio 17 de Abril, xis com a casa do maior articulador político da cidade, Gilberto Lacerda, proprietário de um posto de gasolina que também em ruínas, divide o sofrimento e enfeia o centro da cidade. 

A noite a praça vira um logradouro particular para vendas de bebida e comida.  O mesmo acontece com a Praça Catulo da Paixão que teve os seus canteiros concretados para servirem de chão para mesas e cadeiras.

Praça em recuperação

Andando pela cidade, vê-se algumas praças sendo recuperadas e pouco a pouco vão  tomando forma e sendo tomadas por proprietários de bar, de bancas, de biroscas, de trailers, tirando-as de vez das pretensões do povo, o transito livre, a tribuna popular.

“Mas esse entretenimento deve ocorrer de forma a congregar e não o contrário. A permissão para o comércio de bebidas afugenta mulheres e crianças que poderiam estar usufruindo plenamente de um bem comum. Num tempo em que vemos as praças serem convertidas em redutos de drogados, a venda de bebida se converte no mesmo, com a única diferença de ser a bebida alcoólica uma droga permitida.Além do mais, seria justo gastar dinheiro público na construção de uma praça e apenas uma pequena parcela usufruir? “ Finaliza Louremar Fernandes

Praça São José apodrecendo

Praça São José vansalizsda

Praça São José apodrecendo em frente a mansão do maior articulador político de Bacabal

Situação do posto em ruinas em frente a Praça são José