"Nasceu
enfrentando muitas lutas, sopra o vento vem a chuva, meu boizinho vai mimar,
vai aboiar em louvor a Sato João, com fogueira e balão, cuíca de onça
e pandeirão". Tudo está definido na toada de chegada do Boi Bacaba, composta por
Perboire Ribeiro, brincadeira que marcou a cidade de Bacabal nos junhos de
muitos anos atrás.
Idealizado por Fran Cruz e com o
intuito de fazer uma brincadeira mais alegre no período junino,
trabalhando vários sotaques, o Boizinho Bacaba nasceu no Skorpions Bar e no
Restaurante Cebola Cortada. Em várias reuniões, foram traçadas metas e uma
delas, foram os shows de Marcus Maranhão, Marco Boa Fé, Zé Lopes, Assis Viola,
Raimundinho, Perboire Ribeiro, Os lamas, todos dirigidos pelo jornalista Abel
Carvalho, além de promoções como bingos, rifas e leilões, e ajuda dos próprios
brincantes. Estava criado o Boi Bacaba.
Sensação da galera, o boizinho teve
como primeira veste masculina, calça feita de saco e camisa de chita com
chapéus simples, sem nenhum trabalho artístico. Levado pela beleza das
toadas, pelo talento dos músicos, pelo trabalho incansável das
indias, de colaboradores e do figurinista Massoé (em memória), a coisa foi
crescendo e tomou proporções inimagináveis e no ano seguinte o Boizinho Bacaba
já se destacava como uma das brincadeiras mais requisitadas nos arraiais de
Bacabal e das cidades vizinhas, chegando a ganhar dois concursos de toadas com
"Eternamente Coxinho" de Marcus Maranhão, Perboire Ribeiro e Zé Lopes
e "Morena da Ilha" de Marcus Maranhão e Zé Lopes.
Com a constante evolução da
brincadeira, o Boi Bacaba ganhou registro, virou empresa, contratou músicos de
sopro, fez seleção para novos integrantes e tornou-se grande. Nomes como Sergio
Mathias, Pascoal, Zé Lago, Waldeir, Dionézio, Seu Raimundo Piston, Paúla,
Nilson Fazenda, Antônio Carlos, Bibiça, Kebeca (em memória)Dorivaldo Xibiu,
Thiago Rei, Linhares, Donatinho, Luis, Faisca, Sales Blue, França, Iran,
Cesário, Claudinha Castro, Régia, Cristina "Chicô" Galvão, Lea
Waldilena, Cindy, De Ramos, Carmem, Regina, Ana, Edna, Icemir, Pretinha, Panda,
Lena, dentre tantas, participaram desta história alegre e colorida que já fez
dos junhos bacabalenses, um motivo de festa.
Artistas de alto nível como Paulo
Campos, Marcus Maranhão, Marco Boa Fé, Zé Lopes, Assis Viola, Raimundinho,
Perboire Ribeiro, Abel Carvalho, Otávio Filho, Juarez da Telma, Paúla, Louremar
Fernandes e Edmilson Sena, formavam a ala de compositores que fizeram as
mais belas toadas que essa cidade já ouviu. Como o Boi bacaba não deixou nenhum
trabalho registrado em CD, muitas de suas toadas foram gravadas por grandes
batalhões do estado como "Boi Pirilampo - São Luis", "Boi da Lua
- São Luis", " Boi Mocidade de Rosário - Rosário", "Sotaque
Brejeiro- Brejo", " Brilho da Barra - Barra do Corda" e o
pot-porrit, Auto do Boi-Bacaba de Zé Lopes, Marcus Maranhão, Marco Boa Fé, Zé
Lopes, Assis Viola, Raimundinho, Perboire Ribeiro, Paulo Campos, Abel Carvalho
e Louremar Fernandes, gravada no CD "Aos Brincantes" de Zé Lopes,
ficou entre as mais votadas nas músicas dos 400 anos de história do Maranhão.
Ver site http://www.projetosviva.com.br/400-mais -
clicar ícone "as 400 mais"
que verá.(55. Auto do Boi Bacaba (Zé Lopes, Marcus Maranhão,
Paulo Campos,
Abel Carvalho Ray, Louremar, Assis Viola, Boa Fé e
Perboire Ribeiro).
Depois do Boi Bacaba, os junhos da
cidade ficaram mais tristes, as ruas nao fizeram mais festas, os arraiais não
foram mais os mesmos, mas até hoje, quando se acende a primeira fogueira e se
solta o primeiro foguete, uma aura diferente se mostra e a poeira que fugiu dos
terreiros de um dia, vaga devagar a procura de um boi que fugiu atras de uma
estrela... e nunca mais voltou.
Assim como tudo que é bom, em Bacabal
se acaba, o Boi Bacaba também se acabou.
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