A campanha da presidente Dilma Rousseff (PT) respondeu com ironias os
ataques do adversário Aécio Neves (PSDB) sobre a recomendação de um secretário
do Ministério da Fazenda para os brasileiros trocarem carne por ovos. No
horário eleitoral do rádio, desta terça-feira, 14, um locutor acusa o candidato
de mentir e diz que durante os anos dos governos tucanos o povo só comia carne
"se mordesse a língua".
A declaração do
secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland, na
semana passada, vem sendo usada pela campanha tucana nas propagandas eleitorais
de Aécio para criticar a política econômica do atual governo e para sugerir a
volta da inflação. A recomendação do secretário foi considerada
"infeliz" por Dilma. "Jamais (daria esse conselho) porque acho
que as pessoas têm direito de comer carne, ovo e franco", afirmou.
No programa desta
terça, um dos locutores afirma que a acusação tucana "tem cheiro de
mentira". "Justo eles [tucanos] que, quando eram governo, nosso povo
só sabia o que era carne se mordesse a língua."
A campanha petista dedicou quase
1min, dos 10min do horário eleitoral, para responder às críticas e repetiu a
estratégia de comparar os governos do PSDB e do PT. "Todo mundo lembra. No
tempo da turma do Aécio, carne no prato do povão, quando tinha, era acém,
chupa-molho e cruz-machado. Hoje a gente pode comprar, patinho, alcatra e
chã", disse o locutor.
Derrota em Minas. A campanha tucana,
por sua vez, também usou o horário eleitoral desta terça para rebater a
propaganda petista, que vem explorando a derrota do tucano para Dilma em Minas
Gerais no 1º turno, Estado governado por ele por dois mandatos. A resposta veio
ao final do programa, na voz de um comentarista político identificado como
César Reis. "A eleição ainda não acabou, portanto ninguém ganhou, nem
perdeu", disse.
O comentarista
lembrou que, somados os voto de Aécio e Marina, "a mudança foi a
vitoriosa" e a petista perderia em Minas e em outros Estados. Ele destacou
também que o PT perdeu no ABC paulista, "reduto do Lula".
A propaganda de Aécio
também exaltou sua gestão em Minas, outro foco de ataques da campanha petista.
Elite e recessão. Em um programa
dedicado quase exclusivamente a atacar o adversário, a campanha petista repetiu
as críticas ao "modelo de governo do PSDB" e ao estilo do
ex-presidente do Banco Central Arminio Fraga, sugerido por Aécio como ministro
da Fazenda, caso seja eleito.
O programa se dedicou
a mostrar a importância da função dos bancos públicos e criticou Arminio por
dizer, segundo a campanha, que os bancos públicos não deveriam ter "tantas
funções". Destacaram também as "medidas impopulares" que Aécio
disse estar disposto a tomar para melhorar a economia. "O Brasil não pode
voltar àquele passado em que era governado por uma elite e para uma elite. É um
governo de elite para uma elite", afirmou Dilma.
Já Aécio dedicou
espaço à economia. "O quadro é de recessão. Reunimos os melhores
economistas, os mais experientes. Com sua credibilidade, vamos fazer o Brasil
crescer", afirmou o candidato. "Nós mostramos em Minas como fazer.
Não estou propondo nada que eu já não tenha feito. Quero assegurar aqui:
ninguém vai perder benefício algum. Ao contrário, vamos fazer o País crescer e
aí seus benefícios vão valer mais." O programa também repetiu trechos da
leitura de carta de apoio de Renata Campos, viúva do ex-governador Eduardo
Campos, e do discurso da ex-candidata Marina Silva (PSB), que declarou voto ao
tucano.
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