A
Petrobras (PETR4.SA) anunciou reajuste médio de 3 por cento
nos preços da gasolina e de 5 por cento do diesel nas refinarias, que passou a valer a partir da
0h de hoje, sexta-feira, um aumento considerado pequeno frente às necessidades da
estatal e às perdas acumuladas no ano, mas que elimina a defasagem de preços em
relação aos valores externos.
O
reajuste era amplamente esperado pelo mercado e deve dar algum alívio para o
caixa da estatal, mas pressionar a inflação que já está rondando acima do teto
da meta do governo em 12 meses.
A
reajuste deve chegar aos postos de combustíveis, uma vez que o governo não
anunciou nenhuma compensação tributária simultaneamente, como fez no passado.
Mas os percentuais de reajuste da gasolina para o consumidor final devem ser menores,
já que a gasolina vendida nos postos tem mistura de 25 por cento de etanol
anidro, mais barato que o combustível fóssil.
Ainda
assim, a inflação do país deverá sofrer algum impacto.
Este
é o primeiro aumento dos combustíveis desde novembro de 2013, quando a gasolina
subiu 4 por cento e o diesel 8 por cento. E foi anunciado após a Petrobras ter
indicado em notas ao mercado, na terça e na quarta-feira, que não havia decisão
quanto ao aumento de preços.
"O
impacto do aumento da gasolina no IPCA não deve ser muito alto. Aumento de 3
por cento é na refinaria, mas na bomba será menos, então diminui pressão",
afirmou o economista sênior do Espírito Santo Investment Bank, Flavio Serrano.
"Com
esse aumento da gasolina, o IPCA deve fechar novembro com inflação em torno de
0,60 por cento", acrescentou.
Segundo
ele, há grandes chances de a inflação no ano passar do teto da meta em 2014
--de 4,5 por cento ao ano, com banda de tolerância de 2 pontos percentuais para
cima ou para baixo--, mas vai depender ainda do que deve acontecer em dezembro.
O
último mês do ano, no entanto, costuma ter pressões de alimentos e passagens
aéreas. Então o cenário para inflação no fim do ano é ruim, acrescentou ele.
No
diesel, o impacto direto no IPCA é muito pequeno, segundo o economista, com
maior efeito nos índices gerais de preço (IGPs).
EFEITO PARA PETROBRAS
O
aumento de preços dos combustíveis deve dar algum fôlego para a Petrobras que
tem um dos maiores planos de investimento do mundo corporativo, com dívida
crescente, fator que levou a agência de classificação de risco Moody's a
rebaixar o rating da Petrobras em outubro.
A
divisão de Abastecimento da estatal tem acumulado perdas bilionárias nos
últimos anos por conta da defasagem de preços dos combustíveis vendidos no Brasil
em relação aos preços de importação.
Apenas
recentemente, com a acentuada queda do petróleo e o impacto do valor da
commodity na cotação dos combustíveis no exterior, a defasagem do preço foi
sendo reduzida e, no caso da gasolina, até chegou a deixar de existir.
Com
o reajuste desta quinta-feira, a gasolina deverá ficar 4 por cento mais cara no
Brasil em relação ao mercado externo, e o diesel vai ficar na paridade, segundo
cálculos do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).
Antes
do reajuste, a gasolina estava cerca de 1 por mais cara no Brasil e o diesel em
torno de 4 a 5 por cento, mais barato, segundo o CBIE.
"Fiquei
impressionado porque o reajuste foi muito baixo para as necessidades da
Petrobras. Só para ter uma ideia, para recuperar as perdas da estatal de
janeiro a setembro deste ano, tinha que reajustar 20 por cento para a gasolina
e 20 por cento para o diesel", afirmou o diretor do CBIE, Adriano Pires,
um crítico do atual governo.
"É
um desgaste muito grande porque eles reajustaram com um percentual mínimo... O
controle da inflação prevaleceu e eles não tiveram condições de dar o aumento
que precisaria", completou ele, acrescentando que "o mercado vai até
gostar um pouco, mas estavam esperando mais", algo em torno de 5 por cento
para a gasolina e 7 por cento para o diesel.
O
mercado esperava que o reajuste pudesse ter sido anunciado após a reunião do
Conselho de Administração, realizada em Brasília, na terça-feira.
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