Alberto
Youssef revelou em sua delação premiada que os ex-ministros José Dirceu e
Antônio Palocci eram "as ligações" do lobista e operador de propina
na Petrobrás Julio Gerin Camargo com o PT. O doleiro - alvo central da Operação
Lava Jato - apontou que o nome José Dirceu consta no registro de contabilidade
de propina com a rubrica "Bob" - suposta referência ao apelido de um
ex-assessor do ex-ministro da Casa Civil."Julio Camargo possuía ligações
com o Partido dos Trabalhadores, notadamente com José Dirceu e Antonio
Palocci", afirmou Youssef.
Segundo o doleiro, o
lobista tinha uma pessoa que era responsável pela contabilidade das propinas
operadas por ele na Petrobrás, em nome de empreiteiras do cartel.Trata-se de
Franco Clemente Pinto. "Franco é homem de confiança de Julio Camargo e o responsável
pela contabilidade de pagamentos ilícitos a título de propina e caixa 2",
afirmou Youssef. Segundo o doleiro, Franco armazenava toda movimentação de
propina em um "pen drive", acessado com senha."Eram utilizadas
siglas em tal contabilidade ilícita", explicou o doleiro. "A de José
Dirce era 'Bob'." Para a PF, pode tratar-se de Roberto Marques, um
ex-assessor. Youssef diz ter visto várias vezes o registro de contabilidade.O
doleiro afirmou ainda não sabe sobre valores que teriam sido repassados a
Dirceu, mas contou que o ex-ministro, depois de deixar o governo Luiz Inácio
Lula da Silva, utilizou o jato Citation Excel que pertence ao lobista Julio
Camargo.
"Não sabe dizer
quantas vezes o avião foi utilizado por José Dirceu e nem a razão do uso. Mas
pode afirmar que Julio Camargo e José Dirceu são amigos", registraram os
investigadores da Lava Jato no termo de delação 11 do doleiro.A PF anexou a
foto do homem de confiança do lobista que fazia a contabilidade da propina em
em seu nome.O advogado que defende Palocci foi procurado, mas ainda não se
manifestou.
COM A PALAVRA, JOSÉ
DIRCEU.
"O ex-ministro
José Dirceu repudia, com veemência, as declarações do doleiro Alberto Youssef
de que teria recebido recursos ilícitos do empresário Julio Camargo, da Toyo
Setal, ou de qualquer outra empresa investigada pela Operação Lava Jato.
O ex-ministro também
afirma que nunca representou o PT em negociações com Julio Camargo ou com
qualquer outra construtora. As declarações são mentirosas. O próprio conteúdo
da delação premiada confirma que Youssef não apresenta qualquer prova nem sabe
explicar qual seria a suposta participação de Dirceu. O ex-ministro também
esclarece que, depois que deixou a chefia da Casa Civil, em 2005, sempre viajou
em aviões de carreira ou por empresas de táxi aéreo."
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