A
HISTÓRIA DE BACABAL
Brasilino
Miranda
Meu leitor o meu bom dia
Lhe peço tôda atenção
Para lêr com simpatia
Com tôda dedicação
Dei-me tôda a liberdade
Na maior intimidade
Para esta hirtória contar
Dêste môço que lhe aparece
Já se esqueceu não conhece
Bem eu vou lhe apresentar
É êste o senhor Bacabal
Que você viu tão menino
Impaludado tão mal
Magro, raquitico, franzinho
A sua história natural
Do tempo de Brasilino.
Êle no ano de vinte
Foi a Pia Batismal
Jorge Mendonça o Padrinho
Data tradicional
Em dessesete de Abril
Teve o nome “BACABAL”
Foi êste menino crescendo
Recebendo a criação
De Trinta, Teles e Castor
Deram-lhe logo instrução
E quem foi seu professor
Foi Cleomenes Falcão
O tempo escureceu
E alguém gritou: morreu
Levantei-me e fui olhar
Qual não foi a minha surpresa
Vi chorando a natureza
Não gosto de me lembrar
Vossa Excelencia conhecia
A sonora poesia
Do Canário e sua voz
Era tão familiarizado
Aquêle Canário, estimado
Permanecendo entre nós
O Menino Transviado
Tão máu e desocupado
Com um tiro de baladeira
De sangue pintou o cenário
Matou o pobre Canário
Naquele pé de Figueira
Quando vi azas batendo
O Canário se torcendo
Se rolando pelo chão
Fui ver água, e o menino
Disparou o assassino
Não poude salvar mais não
Vá me perdoar a franqueza
Aquela tao grande surpresa
Tirou-me o sangue da veia
Da forma que tive vontade
Se pegasse iria p’ra grade
P’ra grade de uma cadeia.
Nesse dia em Bacabal
Foi um comento geral
O lamento foi muito forte
O povo que ia passando
Sem perda, ia perguntando
Pelo autor daquela morte.
As cinco da madrugada
Já se ouvia a alvorada
A música, a poesia
Lá no Galho da Figueira
Cantando ao Des. Macieira
Em frente a Vila Maria
Era o canário Mimoso
E cantava tão saudoso
A sua Canção Varonil
A sua Canção ideal
A Canção de Bacabal
O Sertão do meu Brasil
Triste drama aconteceu
Quando o Canário morreu
Daquela pedrada fatal
Quem passa tira o Chapéu
Chama a Figueira Monzaleu
E o Canário, O
IMORTAL
Daquele dia em diante
Nunca mais fui avante
A alegria terminou
Porque no pé de Figueira
Creia Des. Macieira
Nunca mais outro cantou
O povo se reunindo
Aquela cêna assistindo
Vendo o menino rizonho
Deram-lhe uma Carreira
Que rolou na rebanceira
Chamaram-lhe de semvergônho
Tomaran-lhe a Baladeira
O menino saiu de carreira
Mostrando-lhe o Calcanhar
Muita gente comentava
Se eu pegasse, surrava
Antes de em casa chegar
A página desta história
É um momento de Glória
Para nossa eternidade
Meus versos de pé quebrado
São os bons momentos traçados
Pra viver nossa amisade
Receba um abraço que manda
O velho Brasilino Miranda.
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