Por José Sarney
A ponte
de São Francisco foi um marco importante e histórico da cidade de São Luís. Ela
expandiu a cidade e separou dois tempos: o passado na cidade velha com seu
monumental casario, “Patrimônio de Humanidade” e orgulho dos maranhenses, na
beleza dos mirantes de azulejos. Giles Lapouge, grande escritor francês,
visitou a nossa cidade num feriado e da Praça Benedito Leite, sentado num
banco, descobriu naquele silêncio das ruas desertas, dos casarios, nos
sobradões de azulejos, a alma da cidade – e dessa inspiração saiu-lhe esta
frase eterna, registrada em um dos seus livros: “São Luís é a mais bela cidade
do mundo.”
O
sentimento dessa beleza e desse amor parece ter sumido naqueles que têm
governado a capital. Para São Luís, como cabeça do Estado do Maranhão, quando
fizemos o nosso planejamento para o governo que começávamos em 1966, reservamos
tratamento especial, que ia desde a preservação de seu patrimônio histórico e
cultural até a conquista de sua grandeza econômica. Infelizmente essa visão não
tiveram muitos dos prefeitos que a governaram.
A ponte
de São Francisco cumpriu a finalidade de evitar que a cidade velha fosse
destruída pela modernidade: ela seguiu a pressão urbana, já enorme, por onde
pôde se expandir, nos grandes espaços vazios que seguiam as praias da Ponta da
Areia, de São Marcos, do Calhau, de Araçagi, ligada ao Olho d’Água com acesso
facilitado. Foi onde a cidade cresceu e se espraiou. Nasceu uma outra São Luís,
moderna, com todos os equipamentos necessários a um crescimento vertical. Hoje
se estima – como as divisões administrativas e censitárias dos bairros nunca foram
atualizadas, os dados são confusos – que a orla tenha cerca de 300 mil
habitantes!
Evitei
que as terras em que estão situadas, que eram matas em 1965, fossem objeto de
especulação imobiliária, comprando-as, com espírito público, para o antigo
Instituto de Previdência do Estado do Maranhão – IPEM, isto é, para que os
funcionários tivessem, com essas mesmas terras, o seu Instituto rico, que era o
melhor e mais líquido do Brasil, com um grande patrimônio. Sua estrutura mudou
em 1998, com a criação do Fundo Estadual de Pensão e Aposentadoria (FEPA), e
Roseana deixou o sistema de Previdência do Maranhão com mais de dois bilhões de
reais em Caixa. Recursos para assegurar aposentadoria e pensões, financiar
atendimentos médicos, casas e ser a garantia para as necessidades do Servidor
Público. Nenhum governante ousou tocar nesse dinheiro.
Agora,
segundo revelação do deputado José Adriano, que vem tendo uma brilhante atuação
na Assembleia, em 2016 o Fundo tinha baixado para R$ 1,1 bilhão de saldo, no
final de 2017, para R$ 665 milhões e pode terminar este ano em R$ 200 milhões,
o que significa a sua quebra.
O governo
está fazendo aquilo que liquidou com todos os congêneres do Brasil: retirar
dinheiro dos funcionários que contribuíram para sua tranquilidade na velhice e
para deixar pensões para suas viúvas.
Faço esse
artigo sem nenhum desejo de utilizar o assunto para fazer política nem de
combater o governo, mas para pedir que reflita sobre isso. O assunto é humano e
muito sério, vai ter uma consequência muito grande na vida e na velhice das
pessoas. A contribuição dos funcionários já é alta e a ameaça às viúvas
pensionistas e aos aposentados deve ser considerada com sensibilidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário