sexta-feira, 12 de setembro de 2025

POESIA - POR DiREITO - ZÉ LOPES

 


POR DIREITO 


Não quero o direito de culpar ninguém

Nem o dever de explicar o meu fracasso

Me atenua a dor o laço um tanto lasso

Que a vida concebeu e me tornou refém. 


Preso em correntes que arrastam para além 

Daquilo que imagino e inválido não faço 

Sozinho a ruminar a insipidez do vil bagaço 

Escarro na parede o amargor que me convém. 


 Não é que a fome  intensa dessa dor

Matou tudo que eu tinha de amor

E decompos a alma dividida


Me arrasto, me desgasto ao dissabor

Em meio aos meus pedaços  me dispor

A conviver com o que me resta desta vida.


Zé Lopes 

Um comentário:

  1. O poema mistura resignação e revolta, numa voz que se arrasta entre a exaustão e o desencanto, mas que ainda encontra força para transformar essa angústia em palavra. Parabéns poeta

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