POR DIREITO
Não quero o direito de culpar ninguém
Nem o dever de explicar o meu fracasso
Me atenua a dor o laço um tanto lasso
Que a vida concebeu e me tornou refém.
Preso em correntes que arrastam para além
Daquilo que imagino e inválido não faço
Sozinho a ruminar a insipidez do vil bagaço
Escarro na parede o amargor que me convém.
Não é que a fome intensa dessa dor
Matou tudo que eu tinha de amor
E decompos a alma dividida
Me arrasto, me desgasto ao dissabor
Em meio aos meus pedaços me dispor
A conviver com o que me resta desta vida.
Zé Lopes


O poema mistura resignação e revolta, numa voz que se arrasta entre a exaustão e o desencanto, mas que ainda encontra força para transformar essa angústia em palavra. Parabéns poeta
ResponderExcluir