PONTO DE VISTA
*Renato Dionísio
*Historiador, Poeta, Compositor e Produtor Cultural
Com a proximidade do natalício de nossa capital, se esmeram os poderes constituídos para oferecerem o máximo de atenção à efeméride. Para tanto, buscam os detentores do poder político, através de suas ações, expressarem o quanto de carinho dedicam a São Luís. Sendo assim, organizarão retumbante maratona de eventos, algo nunca visto por estas plagas, sobremaneira se juntarmos o divulgado pelo governo e pela prefeitura da cidade.
Incontestavelmente a cidade e seus habitantes merecem o máximo que racionalmente se possa oferecer. Cabe, porém, ao ofertante quantificar a medida exato do que oferece e a motivação para tal gesto. Claro, leve ele em conta se o objeto oferecido for de sua propriedade ou contratado as suas expensas. Não sendo assim, fica vulnerável ao juízo de valor popular sua oferta, e sujeita a avaliação e crítica de todos que desejem se manifestar.
Serão oferecidos do dia 31 de agosto até o dia 27 de setembro, 42 shows de artistas nacionais, num acontecimento sem precedentes nestas terras dos Tupinambás. O rega bofe implicará no comprometimento de um volume de recursos, que embora não divulgado, leva qualquer mortal, sem interesse prévio a defender, a adjetivá-lo como exagerado, vultoso ou inconcebível. Ofereça o seu adjetivo. Aqui você pode! Para descrever a desimportância ou não, a necessidade ou justeza do acontecimento.
Pelo noticiado em blogues, quero crer que seja verdadeira a informação, somente para o pagamento do cantor Gustavo Lima a municipalidade vai fazer o desembolso de 1,2 milhões. Quem custeará os outros 41 shows? O Estado? A Prefeitura? Ou a iniciativa privada? De que modo, e com recursos vindos de onde? Estão previstos orçamentariamente estes recursos? Foram ouvidos o ministério público e nossos edis? O que dizem?
Pode parecer à primeira vista que sou contrário ao mensário festivo proposto. Não! Definitivamente sou a favor. Penso, entretanto, que podemos, sabendo a quem desejamos agradar e a quem interessa, a curto e a longo prazo, este tipo de acontecimento, minimizar custos e objetivos. Para não ser entendido como denuncista, mas puxando, que não sou besta, a brasa para minha sardinha, vou propor, mesmo que seja para o próximo ano, afinal os contratos já foram assinados, adiantamentos financeiros realizados, uma alternativa para a festa.
Vamos começar buscando uma cervejaria, para fornecer, com preços subsidiados pelas partes, cervejaria e poder público, um lote especial, com alguns milhões de latas de cerveja e refrigerantes, com a logomarca de São Luís, nas cores de nossa bandeira, contendo informações relevantes, para serem comercializadas durante o evento. Camisetas, layout, garrafas de água e todo e qualquer material usado, faria alusão ao evento. Claro, parceiro de sonhos, que a maioria da programação seria feita com massiva participação dos artistas, produtores e grupos culturais de nossa cidade. Com a cavalar vantagem, os recursos envolvidos circulariam no Maranhão.
Desenhando, para não ser mal-entendido, com o recurso para o pagamento do famoso já citado, eu contrataria 50 Bumbás, ao custo de 8 mil reais, último valor pago pelo município no São João, gastaríamos 400 mil reais. Com a superestrutura dividida, faria 10 locais de apresentação e levaria no mínimo 50 mil pessoas para a festança. Mesmo tratamento seria dado a todos os grupos culturais e a todos os artistas de nossa terra, em dias alternados. Somente faria uma ressalva, só contrataria quem tivesse qualidade artística e deixaria de fora a política de apadrinhamento.
Voltando a desenhar, no dia dos bumbás, prática que repetiria nos dias de maranhensidade, daria subsídio de um real a 500 mil latinhas, assim cada um dos cinquenta mil assistentes poderia consumir medianamente 10 latinhas, toda enfeitada de cultura e satisfação. Colocaria mais 100 mil para água e refrigerantes e recolheria, ainda, 200 mil Para os cofres do pagante administrador, que é, ao final, apenas e tão somente o gerente do tesouro, agindo, às vezes, como esbanjador do capital da população.
Por final, antes de me dirigir a fogueira da crítica ou da retaliação, informo solenemente que não defendo e jamais o farei, a reserva de mercado ou a política de gueto cultural. Precisamos concorrer com a cultura nacional, somente precisamos de meios paritários. Precisamos conviver com todas as vertentes de saber e entretenimento, sem precisar nos descurar de quem somos e de nossas origens. Precisamos ser globais, honrando nossa tribo. Isto é o que penso.


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