Para a presidente, é 'muito diferente você violar soberania e
violar direitos humanos'
São Paulo - A presidente da República, Dilma Rousseff, negou
nesta quarta-feira, 6, que a espionagem feita pelos Estados Unidos pudesse ser
comparada com a feita pela Agência Nacional de Inteligência (Abin) em 2003 e
2004. "Uma coisa muito diferente é você violar soberania e violar direitos
humanos. E não há como comparar com o que a Abin fez em 2003 e 2004. Foi
totalmente diferente", disse a presidente Dilma.
Para a presidente, a espionagem americana "violou não só
meios privados, violou ligações telefônicas, violou a privacidade, e não só de
chefes de estado, mas também de indivíduos e empresas, e dentro de um processo
que não tem muita justificativa de luta contra o terrorismo", disse. No
caso americano, segundo Dilma, trata-se de um aparato de violação tanto da
privacidade quanto dos direitos humanos e da soberania do País.
Dilma confirmou que o cancelamento de uma viagem que faria aos
EUA foi por causa das espionagens e, questionada, se isso não configurava uma
ruptura nas relações entre os dos países, Dilma disse que não. "Eu ia
viajar, mas a discussão que derivou desse problema nos levou a tentar fazer com
que eles nos pedissem desculpas ou prometessem que isso não mais se
repetiria", disse.
De acordo com ela, naquele momento ninguém sabia onde estava o
delator do esquema de espionagem Edward Snowden e nem o que ele ainda tinha
para revelar.
"No momento que eu pisasse nos EUA, eu e o presidente Obama
estaríamos sujeitos a novas denúncias. Não houve ruptura das relações entre
Brasil e Estados Unidos", afirmou. De acordo com Dilma, ficou claro para
ela que Obama ficou constrangido com a situação.
"Não é uma questão minha ou dele. É uma questão política.
Mas na minha condição de presidente eu não poderia permitir que os cidadãos aos
quais eu devo satisfação não podem ter seus direitos violados", explicou.
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