De
olho na distribuição de cargos no segundo escalão do governo e nas estatais, a
cúpula do PMDB resolveu pressionar o governo e começou a ameaçar até com uma
posição de “independência” no Senado — assim como atuou na Câmara em 2014. O
ultimato foi dado pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ao
ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, em tensa reunião no Palácio do
Jaburu na última sexta-feira. Os peemedebistas dizem que o primeiro embate, com
sérias consequências para o governo, seria a renovação da Desvinculação das
Receitas da União (DRU), que vence em 31 de dezembro, mas cujo projeto leva
meses para tramitar.
Após terem
identificado uma operação do Palácio do Planalto para enfraquecer o PMDB,
caciques do partido iniciaram contra-ataque para reaver espaços perdidos no
primeiro governo Dilma Rousseff. A sigla iniciou o ano com presença maior na
Esplanada do que em 2014: seis ministros, contra cinco até dezembro do ano
passado.
O PMDB manteve o
comando dos ministérios de Minas e Energia, da Agricultura, do Turismo e da
Secretaria da Aviação Civil, e trocou a Previdência, com fama de ser um
“abacaxi”, pela Secretaria de Portos e pelo Ministério da Pesca. Os
peemedebistas, porém, alegam que as pastas conquistadas têm menor peso que
outras, como Integração Nacional, Cidades e Transportes, entregues a PP, PR e
PSD.
A principal queixa
dos peemedebistas é o fato de Dilma tirar das pastas ocupadas pelo PMDB cargos
importantes de segundo escalão, como a Embrapa, no Ministério da Agricultura; a
Embratur, no Ministério do Turismo; a Infraero, na Secretaria de Aviação Civil;
e diversos postos no setor elétrico, como Eletrobras e Furnas.
Mercadante deixou
claro no encontro que, em relação ao segundo escalão, os atuais ocupantes estão
interinos; tudo pode mudar, até cargos com o PMDB.
— Se for confirmada a
retirada de espaço do PMDB, ficamos independentes. E, se isso acontecer, será
uma decisão institucional, partidária, para os dois lados, da Câmara e do
Senado — avisou Renan, lembrando que o PMDB do Senado segurou problemas do
governo causados em votações na Câmara.
— Vamos fazer o
possível para que isso não aconteça — respondeu Mercadante, sem garantir nada
até 15 de fevereiro.
Uma nova reunião para
discutir o segundo escalão foi marcada para 15 de janeiro. Além da volta da
Embratur para o Turismo, o PMDB quer garantir a Codevasf, o Dnocs, o Banco do
Nordeste e a Sudene, que já teriam sido prometidos por Dilma ao PP.
Interlocutores de
Renan relatam que, além de estar em campanha pela reeleição à presidência do
Senado, ele pressiona o governo por dois motivos: manter Vinicius Lages no
Ministério do Turismo e indicar o substituto de Sérgio Machado na Transpetro.
Machado foi afastado da subsidiária da Petrobras após ter sido citado em
delação premiada na Operação Lava-Jato como responsável por pagamento de
propina.
Segundo integrantes
do PMDB, há “uma clara repulsa” na atitude de Mercadante e de outros
articuladores do Planalto de criar um novo partido com a ajuda do ministro
Gilberto Kassab, para tirar quadros do PMDB e esvaziar a força do partido na
Esplanada.
— O governo usa a
máquina pública para estimular a criação de mais partidos e esvaziar o PMDB —
disse Renan a Mercadante, segundo fontes.
Renan negou a ameaça,
por meio de sua assessoria. Mas outros presentes ao encontro confirmaram.
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