domingo, 29 de novembro de 2015

UMA PIPA PRA RAIMUNDO NONATO FAHD


E vi mais um fragmento da minha infância ir-se embora, como a triste sensação de sentir entre os dedos, a leveza da linha  por ter acabado de ter sido cortada por uma linha inimiga, e lá vai-se a pipa.

A mesma sensação senti no fim de semana que passou. Raimundo Nonato Fahd era justamente essa pipa, que bem aos nossos olhos, ganhou linha e enfeitou o céu e o cerol cortante da vida nos fez vê-la fugir e embalada, empurrada  pelo vento, alcançar a morada de Deus.

Raimundo Nonato, que nós chavamos carinhosamente de Batatinha, apelido dado a ele por Fernando Costa, por parecer com o personagem do quadrinho, era menino como todos os meninos da nossa época e da nossa rua, a rua Ruy Barbosa, artéria essa que ainda reside seu irmão Elias Filho, o popular Maninho. 

Baixinho, ligeirinho, estava sempre com a turma nas peladas do fim de tarde, seja no meio da rua, no campinho de seu Renato Nunes, no campinho de Edson ou no campo do Rato. 

À noite, tambéjogávamos bola na rua e brincávamos de garrafão, guerreou, preso e soldado e sob a luz do poste que ficava em frente a casa de dona Zuleide, montávamos um grande aparato para os campeonatos de botão, coisa que acontecia tamm na sala de Zeziquinho e no quarto de Edson..

Filho dos panificadores Elias Fahd e Terezinha Fahd, Raimundo Nonato era casado com Wilma Cristina e pai de Bruno Henrique, Larissa e Isabelle Bernardo Fahd. Seus pais  chegaram em Bacabal na época da efervescência comercial e montaram a panificadora Santa Terezinha, que se ramificou e até hoje é marca de sucesso liderada pelo filho mais velho, João Batista Fahd, proprietário das  empresas VITAPÃO, O casal Elias e Terezinha criou a menina Cristina.

Toda vez que chegava maio e com ele os ventos fortes, fazíamos  nossas pipas e Elias Filho era o melhor aprendiz de Mundiquinho, nosso professor na arte das pipas. Travesso, Raimundo Nonato como todos os moleques do seu tempo, banhava escondido no rio Mearim, roubava goiabas mangas nos quintais, e até figos e atas no pomar do seu avô Cesário Fahd. Raimundo Nonato também matava aulas, brigava e brincava de viver, era uma criança feliz. São tantas as boas lembranças que daria pra escrever  um livro e em vários capitulos.. 

Logo ele, que na gíria popular, sempre foi um - Sangue Bom -  foi acometido de uma leucemia, que veio bemais forte, superando a sua grande força de vontade de viver.

Raimundo Nonato vai, mas deixa a sua história escrita no eterno livro dos corações e das mentes dos seus amigos, irmãos e familiares. Ele vai e leva consigo a pipa colorida da sua infância que sob os ventos gerais que sopram no céu, subirá para uma linda tarde de lanciada com as coloridas pipas de Deus.

Zé Lopes, Osvaldino Pinho, Otávio Pinho, Lereno, Rinaldo, Renato Nunes, Ribinha, Edson,  Zé Oridan, Zé Alberto, Zeziquinho, Fernando, Neuzinha, Léa, Maria Zelma, Gilvan, Cleuton,  Dalva Lopes, Carlos, Renato,Waltinho Carioca, Donatinho - Careca,  Elijo, Mário, Cesar, Caberto, Sofia, Zé Raimundo...............




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