Estava em
Bacabal e nada de novo no front. A cidade esburacada, pessoas descontentes,
muita reclamação e tudo d'antes como no Quartel de Abrantes. O povo
hospitaleiro, muitos amigos revistos, e ..... o trivial sem nenhuma variação.
Aproveitando
uma carona do meu amigo Osvaldino Pinho, cheguei ontem a noite, viagem cheia de
chuva. O objetivo da minha vinda foi para resolver uns problemas imobiliários
da família, coisas cartoriais, documentos, assinaturas, reconhecimento de firma
e coisas afins.
A noite
pude ver o quanto Bacabal parou no tempo, ou melhor, retrocedeu. As ruas
escuras e vazias, um silêncio de doer os ouvidos, as casas trancadas e um ou
outro carro com seus faróis acesos, sem um destino certo.
Depois do
futebol dei uma volta rápida com meu sobrinho Raimundo Máximo, os bares vazios,
passamos em todos que funcionam na quinta-feira, aportei no bar do Luizão onde
encontrei o meu amigo, o autônomo Geraldo Albuquerque bebendo com outro amigo,
o apresentador de TV e locutor de Rádio José de Ribamar Gomes, o famoso Jota
Erry, o garotinho do bigode de ouro.
Conversamos
por um bom tempo, em meio ao som que vinha da casa do lado, onde a Fofa do
Forró e seu esposo Rikelmy, tocavam e cantavam os enfadonhos sucessos do
momento cheios hás, uis, ais, ôis, ôôô. tá,tá,tá e outros lepos.
Tudo
convergiu para que lembrássemos de um Bacabal de uma vida noturna fluente,
segura, atrativa, com muitas casas que funcionavam e estavam sempre cheias.
Falamos de nomes, professores, doutores, atletas, artistas e mais, muito mais
personagens que fizeram a historia de Bacabal e que hoje a própria cultura fez
questão de enterrar a história e estórias do próprio autor.
E é sobre
esse esquecimento que eu quero falar, ou melhor, sobre a moral que se dá a quem
chega aqui aventurando. O final dessa historia é sempre a mesma, o raio caindo
duas vezes no mesmo lugar, e o "otário" continua sendo os filhos da
terra que tanto querem um apoio e nada conseguem.
Lembro
aqui agora de um mineiro que veio para botar uma churrascaria na extinta
EXPOABA - Exposição Agropecuária de Bacabal, e como era bom no que fazia,
ganhou o apelido de Gaúcho Falso. Gostando do mercado, mudou-se para a cidade
onde tocou seu comércio de forma séria, fez um bom nome, mas lhe enganaram,
trocando em miúdos, muitos compraram fiado e não lhe pagaram e ele teve que
mudar de praça, e em um acidente, perdeu a sua vida.
Saí
pela manhã e aproveitei para pesquisar junto a amigos que encontrava, nomes de
Zés bacabalenses, já que estou compondo uma canção falando deles. Resolvi fazer
uma visita ao meu amigo, agora Secretário Municipal da Cultura, o poeta Paulo
Campos, e ao chegar na praça me deparei com o comerciante Jean que ligava para
toda a imprensa dando conta de que o Gaúcho, que alugara seu estabelecimento
para botar uma churrascaria, tinha anoitecido mas não tinha amanhecido, como se
diz em Bacabal, "Tirou pra fora", deixando todo mundo no prejuízo.
O que
acontece em Bacabal, é que todo forasteiro ganha moral, ostenta riquezas aos
olhos complacentes das autoridades e, os pobres filhos que aqui querem vencer,
são rechaçados. Isso é um fato, diuturnamente vê-se isso nas redes sociais e
ninguém toma nenhuma providência.
Policiais,
amigos, imprensa, agora estão todos lá, mas pra fazer o que? Essa saga de
ganhar dinheiro e sair no cagar dos pintos com a mala cheia, é uma máxima na
vida de Bacabal e comparando os dois Gaúchos pude ver quanto antagonismo.
O Gaúcho Falso era verdadeiro e o Gaúcho
verdadeiro, esse sim, é falso. Mas Bacabal está à espera do próximo. O
final nós já sabemos.
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