sábado, 5 de abril de 2025

BACABAL 105 ANOS - NOSSA VOZ

 

          Quando Bacabal vivia a verdadeira cultura, principalmente a musical, anualmente o Lions Club fazia o tão famoso FIC, Festival Intermunicipal da Canção. Com esse frisson, alguns cantores/compositores começaram a mostrar seus trabalhos e liderados pelo jornalista, poeta e compositor Abel Carvalho, seis deles começaram a fazer gravações – totalmente sem qualidade técnica, mas de um enorme valor cultural – e veicular na  recém-instalada Rádio Mirante FM, sob regência do empresário Hidalgo Neto. A coisa foi tomando forma e um movimento tomou conta da cidade e nasceu o grupo de pagode “Os Lamas”, presidido por Antônio Carlos e Miltom (em memória) e Assis Viola, Perboire Ribeiro, Zé Lopes, Marco Boa Fé, Marcus Maranhão e Raimundinho, numa roda de “Caninha da Roça” com abacaxi, se dividiram em três duplas e fizeram quatro shows durante um mês, no Skorpions Bar, propriedade de Zé Lago e Rosemary, para angariar dinheiro pra fazer o saudoso “Boi Bacaba”, coordenado por Fran Cruz com direção de Louremar Fernandes. Os shows que aconteciam todas as sextas, deram tão certo que virou febre, superlotando a casa, sempre com fechamento do grupo “Os Lamas” e despertou interesses. Considerado como o principal movimento musical de Bacabal, o “.

Com o sucesso do Vinil “Nossa Voz” e com o poder de organização de Abel Carvalho, o sexteto saiu em busca de novos horizontes e gravou o segundo vinil, o “Nossa Voz II” que conseguiu com que cada um deles, corressem para uma carreira solo. Dois anos mais tarde, com a ausência de Raimundinho, que foi substituído por Davi Faray, o mesmo time  gravou o primeiro CD intitulado de “Nós” e logo em seguida o vinil “Nossa Voz” foi compilado para CD e parou por aí. Várias tentativas de se fazer um novo trabalho com os artistas já foram feitas, mas por vaidade, desconfiança e até por medo de alguns, a voz do “Nossa Voz” silenciou.

O poeta Paulo Campos escreveu: Enquanto existir um só homem, existirá a sua luta, seu sonho, seu ideal. Sentimentos que acrescidos de convicção e garra, tem o poder de tornar realidade., do ilusório ao imaginário. “Nossa Voz” é o primeiro filho nascido da luta de pessoas que acreditam  que lutar é sempre preciso e, romperam as noites, construíram sonhos a procura de um sol maior. Ébrio constante da Mesa de Bar, “Nossa Voz” conta um pouco da história do movimento, da luta incansável, dos momentos de dor e prazer.

Quando anos atrás nos foi dada a árdua tarefa 3e reconstruir o movimento cultural, nós estávamos assumindo um compromisso conosco mesmo e com o nosso povo. Daí então, foram anos e anos de trabalho e dedicação. Superamos os preconceitos, vencemos os desafios e mostramos para aqueles que usam o poder para perseguir e manipular, que ideal se constrói com sonhos, luta. Paixão e vontade.

Que esse disco intitulado “Nossa Voz”, fruto maior do projeto Mesa de Bar, seja um ponto de partida para novas conquistas e que também sirva para uma reflexão mais profunda da nossa própria cultura.

Só que essa reflexão não foi feita e dos sete compositores que viveram aquela época, um morreu e os outros seis, levam a vida misturando música com outros afazeres para a sobrevivência. O certo é que ainda dá para mostrar para todos, que aquele esforço de  quarenta anos atrás, se não mudou muita coisa a cara da cultura musical bacabalense, pelo menos é lembrada com silêncio.

Assis Viola, Marcus Maranhão, Marco Boa Fé, Perboire Ribeiro e Zé Lopes, se reuniram e promoveram um show  para lembrar os 30 anos do vinil Nossa Voz. Foi um sucesso. 

Hoje, todos os que fizeram o projeto Nossa Voz, tem carreiras solos, já fizeram vários discos e continuam trilhando nessa estrada musical em busca do tão sonhado reconhecimento



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