O
presidente norte-americano, Barack Obama, anunciou mudanças para normalizar as
relações entre Estados Unidos e Cuba nesta quarta-feira, dizendo que é hora de
"soltar as amarras do passado".
Em um discurso na
Casa Branca, Obama disse que o degelo nas relações após um congelamento de
cinco décadas está sendo feito depois que ele determinou que a política
"rígida" e ultrapassada não conseguiu ter um impacto sobre Cuba.
"Hoje estamos
fazendo essas mudanças porque é a coisa certa a fazer. Hoje a América escolhe
se soltar das amarras do passado, de modo a alcançar um futuro melhor, para o
povo cubano, para o povo americano, para todo o nosso hemisfério, e para o
mundo", disse ele.
Obama afirmou que a
nova política vai tornar mais fácil as viagens de norte-americanos a Cuba. Ele
disse que também irá conversar com membros do Congresso dos Estados Unidos
sobre a suspensão do embargo dos EUA a Cuba.
O papa Francisco
contribuiu para a melhoria nas relações ao pressionar a libertação do
funcionário norte-americano Alan Gross, preso em Cuba, disse o presidente.
Obama agradeceu ao
Canadá pelo papel que desempenhou ao sediar as negociações entre EUA e Cuba.
Presidente da Câmara dos EUA chama acordo de 'concessões
sem sentido'
O
presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, o republicano John
Boehner, criticou duramente a mudança de política de Obama em relação a Cuba e
a classificou de "mais uma em uma longa linha de concessões sem
sentido" a ditadores brutais.
"As
relações com o regime dos Castro não devem ser revisitadas nem normalizadas até
que o povo cubano desfrute de liberdade, e não um segundo antes", disse
Boehner em comunicado.
O senador
Marco Rubio afirmou que a Casa Branca ganhou pouco na mudança da política
em relação ao país comunista. "A Casa Branca cedeu tudo, mas ganhou
pouco", disse Rubio, um cubano-americano senador republicano pela Flórida,
a jornalistas em entrevista coletiva.
Rubio
disse que vai se opor aos esforços da Casa Branca para confirmar embaixadores e
financiar embaixadas norte-americanas a fim de manter a pressão sobre o governo
dos EUA em relação a Cuba.
Presidente venezuelano destaca 'valentia' de Obama
O
presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, destacou a "valentia" do
presidente dos Estados Unidos ao anunciar que planeja normalizar as relações
diplomáticas com Cuba depois de décadas de hostilidade com o governo comunista
da ilha.
"(Estou)
muito feliz. É preciso reconhecer o gesto do presidente Barack Obama, um gesto
de valentia e necessário na história. Foi dado um passo, talvez o mais
importante de sua presidência", disse o presidente venezuelano em discurso
na Cúpula do Mercosul, no norte da Argentina.
Venezuela
e Estados Unidos têm uma difícil relação desde o início do governo do falecido
presidente Hugo Chávez. O país sul-americano denunciou por várias ocasiões
conspirações de Washington contra seu país.
Troca de prisioneiros e discurso de Raúl
Três
agentes de inteligência cubanos que passaram 16 anos em prisões nos Estados
Unidos retornaram a Cuba nesta quarta-feira como parte de um troca de
prisioneiros na qual Cuba libertou um funcionário norte-americano que ficou 5
anos preso em uma prisão cubana, disse o presidente cubano, Raúl Castro.
"Gerardo,
Ramón e Antonio chegaram em nossa pátria hoje", afirmou o presidente sobre
os três remanescentes dos chamados "heróis antiterroristas",
conhecidos principalmente por seus primeiros nomes. São Gerardo Hernández, de
49 anos, Ramón Labañino, de 51, e Antonio Guerrero, de 56.
Raúl
disse ter falado com o presidente dos EUA por telefone na terça-feira antes do
anúncio feito por Obama de que os Estados Unidos mudarão sua política em
relação a Cuba e buscarão normalizar as relações com a ilha, uma adversária de
longa data dos Estados Unidos.
O
funcionário de ajuda dos EUA Alan Gross, que tinha passado cinco anos em uma
prisão cubana, foi libertado.
A
libertação dos três agentes cubanos provavelmente será saudada como uma
retumbante vitória por Castro, mas ele evitou declarações triunfais em seu
discurso televisionado.
Ele
disse que era motivo de "enorme alegria para suas famílias e todo o nosso
povo".
Em
um aceno raro para os Estados Unidos depois de quase 56 anos de hostilidades
entre os dois países, Raúl Castro elogiou Obama.
"Esta
decisão do presidente Obama merece respeito e reconhecimento pelo nosso
povo", disse o presidente cubano.
O
Papa fez um apelo pessoal a Barack Obama em uma carta enviada neste verão (do
hemisfério norte) e se comunicou com Raúl Castro em outra correspondência
enviada separadamente a ele. Além disso, o Vaticano recebeu delegações de ambos
os países para concluir a aproximação, explicou a fonte.
Papa teve papel crucial em aproximação Cuba-EUA
O
Papa expressou nesta quarta-feira sua grande satisfação pela decisão histórica
de Cuba e dos Estados Unidos, informou a Santa Sé, confirmando a mediação
pessoal do santo padre.
Em
um comunicado, o Vaticano confirmou o envio de duas cartas ao presidente Raúl
Castro e Barack Obama. Também confirmou que o Vaticano recebeu delegações dos
dois países em outubro.
Obama
agradeceu à mediação do Papa Francisco durante seu pronunciamento, no qual
anunciou o início de um novo capítulo na relação entre seu país e Cuba.
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