AMOR BASTARDO
Esta
fome de amor que me consome, basta
Esta
dor bastarda, aguda e tão nefasta
Me
fatia em cortes onde a morte casta
Me
espreita e suga da minh’alma sonhos
Tão
envelhecidos, lânguidos, medonhos
Como
potestades que possuem corpos
Entre
anjos bêbados, mutilados, tortos
O
íntimo agoniza e cristaliza a dor
Que
não consome a fome de um bastardo amor
Mas
que celebra a vida, o derradeiro ato
E
no breu das horas as impressões do tato
Deixam
digitais em sólidas paredes
E
essa grande fome que sufoca a sede
Se
desfaz em gotas cálidas, pequenas
E
amor bastardo, sádico, encena
Uma
ária sórdida, mórbida, serena.
Do livro "Corpos da Alma" de Zé Lopes
Nenhum comentário:
Postar um comentário