HISTÓRICO! GALO BATE
OLIMPIA NOS PÊNALTIS E É CAMPEÃO DA LIBERTADORES
Atlético-MG tira vantagem
paraguaia no tempo normal, suporta prorrogação e leva torcida ao delírio nos
pênaltis, no maior dia de sua história de amor
O ano começou uma
frase na cabeça de todos os atleticanos, "13 é Galo", em referência
ao jogo do bicho. Ainda assim, os mais otimistas não arriscavam garantir que
isso significaria conquistar a Taça Libertadores em 2013, o que aconteceu nesta
quarta-feira, com uma vitória inesquecível sobre o Olimpia.
O clube mineiro
entrou em campo precisando reverter o placar de 2 a 0 sofrido na partida de ida
em Assunção. Leonardo Silva e Jô - que terminou a competição como artilheiro
isolado, com sete gols - devolveram a derrota da ida, levando o jogo para a
prorrogação. A igualdade levou a final para os pênaltis, em que o Galo venceu
por 4 a 3.
Nas cobranças, não
houve herói como nas semifinais contra o Newell's, em que Guilherme marcou no
finzinho e Victor pegou dois pênaltis. Hoje, Alecsandro, o mesmo Guilherme, Jô
e Leonardo Silva marcaram na disputa. Ronaldinho, quinto da lista, sequer
precisou cobrar. Victor defendeu a cobrança de Miranda, e Giménez acertou a
trave na última cobrança do time paraguaio.
Este é o primeiro
título do Atlético na Libertadores. A vibração é ainda maior, já que grande
parte da torcida nunca havia visto o clube ganhar uma taça de grande expressão
- desde o Campeonato Brasileiro de 1971, as conquistas mais significativas
foram em Campeonatos Mineiros e na Copa Conmebol.
O jogo ainda
registrou o recorde de renda do futebol brasileiro de todos os tempos, com
arredacação de pouco mais de R$ 14 milhões, para um público pagante de 56.557
pessoas. A marca anterior era do duelo entre Santos e Flamengo na primeira
rodada do Brasileirão, que teve renda de R$ 6,9 milhões, na inauguração do
Estádio Nacional Mané Garrincha.
Com tantos fatos e
números para tornar a noite inigualável, de quebra, a vitória do Atlético
credencia o clube para disputar o Campeonato Mundial de Clubes em dezembro, no
Marrocos. Um dos adversários na competição poderá ser o poderoso Bayern de
Munique, que já garantiu presença com o título da Liga dos Campeões da Europa.
O troféu
continental também é inédito para a maior estrela da companhia atleticana,
Ronaldinho Gaúcho. Mais do que isso, o camisa 10 se torna o primeiro jogador
eleito melhor do mundo a conquistar uma Libertadores.
A missão de hoje
não era nada fácil. Afinal de contas, desde 1987, quando a Libertadores começou
a ter final disputada em dois jogos com saldo de gols como primeiro critério de
desempate, apenas um time foi vice-campeão após vencer a ida por 2 a 0.
E um dos
protagonistas desta história, que aconteceu em 1989, foi o próprio Olimpia. O
'Decano' levou o mesmo placar na volta para o Nacional de Medellín e acabou
caindo nos pênaltis por 5 a 4. No gol do time paraguaio estava o atual técnico
Ever Hugo Almeida, um dos cinco atletas da equipe a desperdiçar cobrança.
Para conseguir
mais uma virada histórica, Cuca preferiu a segurança da formação habitualmente
usada. Com isso, os laterais de origem Michel e Júnior César substituiram os
suspensos Marcos Rocha e Richarlyson. No setor ofensivo, o titular Bernard
retornou à equipe no lugar de Luan.
No Olimpia, Éver
Hugo Almeida escalou o time no 5-3-2, com Mazzacotte entrando na lateral
direita. Benítez jogou no lado esquerdo, já Alejandro Silva passou para o meio.
Autor do segundo gol no jogo de ida, Wilson Pittoni, ex-Figueirense, ficou
responsável pela armação de jogadas.
Como contra o
Newell's Old Boys, o Galo partiu para cima com o apito inicial. Aos 2 minutos,
em descida pela direita, Diego Tardelli bateu cruzado. Jô e Bernard se
esticaram, mas não conseguiram tocar na bola para finalizar. Ronaldinho voltou
a assustar sete minutos depois, com chute de fora da área, que parou na defesa
de Martín Silva.
A pressão dos
donos da casa só foi interrompida aos 15 minutos, quando a zaga atleticana
cochilou e Bareiro recebeu sozinho na área. O atacante foi displicente ao
concluir, e Victor conseguiu evitar o gol ao defender com as pernas.
Nervoso, o
Atlético começou a ter dificuldades para se impôr no jogo, tanto é que o
Olimpia voltou a ficar muito perto de marcar aos 33 minutos, com Victor
voltando a aparecer bem. Alejandro Silva recebeu sozinho, mas acabou chutando
fraco.
Com o empate sem
gols do primeiro tempo, os dois técnicos prepararam alterações no intervalo.
Cuca quis melhorar a saída de bola ao colocar Rosinei no lugar de Pierre. Éver
Almeida, provavelmente querendo acabar com o desperdício de chances, lançou
Ferreyra no lugar de Bareiro.
Logo no primeiro
minuto, o Galo mostrou a que veio na etapa final e fez explodir sua apaixonada
torcida. Após cruzamento de Ronaldinho Gaúcho da direita, Pittoni furou dentro
da área, e a bola sobrou para Jô, que emendou de primeira para abrir o placar.
A partir daí, o
time da casa foi para cima. Aos 5 minutos, Diego Tardelli cabeceou para ótima
defesa de Martín Silva. A bola sobrou na área, e Jô ficou muito perto de
marcar, cabeceando à esquerda do gol do time paraguaio. Quatro minutos depois,
o camisa 7 arriscou de fora da área, mas a bola parou na defesa do goleiro do
Olimpia.
Meio sem querer,
aos 13 minutos do segundo tempo, Leonardo Silva acertou a trave. Na sobra de
uma cobrança de falta de Ronaldinho Gaúcho, o zagueiro tentou ajeitar, mas
acabou encobrindo Martín Silva, e por pouco não marcou.
Quando o ritmo do
jogo parecia esfriar, por pouco o Atlético chega ao gol. Aos 26, Ronaldinho
cobrou falta e Leonardo Silva testou com força, mas outra vez o goleiro do
Olimpia foi bem. Logo em sequência Cuca ousou ao colocar Alecsandro no lugar de
Michel.
O maior nó na
garganta do torcedor do time mineiro foi laçado aos 33 minutos do segundo
tempo. Após finalização de Ronaldinho Gaúcho, que desviou na zaga e acabou com
defesa de Martín Silva, Diego Tardelli, de frente para o gol aberto, acabou
isolando. O árbitro colombiano Wilmar Roldán, no entanto, já havia marcado
impedimento.
No minuto
seguinte, o atacante saiu de campo para dar lugar a Guilherme. Aos 39, por uma
falta em Alecsandro na entrada da área, o zagueiro Manzur recebeu seu segundo
amarelo no jogo, e acabou expulso.
A pressão do Galo
aumentou ainda mais. Tanto é que, um minuto depois, Leonardo Silva fez o gol
tão esperado pela torcida atleticana. Bernard cruzou da esquerda, e o zagueiro
subiu no terceiro andar para testar para o fundo das redes, igualando o placar
agregado do duelo.
Como prevê o
regulamento da Libertadores, com o empate nos 180 minutos, o jogo foi para a
prorrogação. O domínio total do Atlético no tempo extra demorou para se
transformar em lances agudos de ataque. Aos 8 minutos, Réver acertou cabeçada
no travessão. Na sequência, Guilherme finalizou para defesa de Martín Silva.
Josué, aos 12, foi
outro que teve grande chance de balançar as redes. Com um potente chute da
intermediária, o volante obrigou o goleiro do Olimpia a fazer ótima defesa,
desviando a bola para escanteio.
No segundo tempo
da prorrogação, o Atlético não conseguiu se manter equilibrado. Com Bernard
sofrendo com cãimbras, o time ainda tomou um susto, daqueles que calam o
estádio, quando Pittoni cobrou falta aos 9 minutos, à direita de Victor.
No último minuto,
Alecsandro foi quem teve chance clara para marcar. Após ser lançado na área, o
centroavante optou por dar um leve toque, que serviu para desviar de Martín
Silva, mas não para empurrar para as redes. Assim, a decisão foi para os
pênaltis, em que enfim o torcedor atleticano pôde soltar o entalado grito de
campeão.
Ficha técnica:.
Atlético Mineiro:
Victor; Michel (Alecsandro), Réver, Leonardo Silva e Júnior César; Pierre
(Rosinei), Josué, Ronaldinho Gaúcho e Bernard; Diego Tardelli (Guilherme) e Jô.
Técnico: Cuca.
Olímpia: Martín
Silva; Mazzacotte, Manzur, Miranda, Candia e Benítez; Aranda, Alejandro Silva
(Giménez) e Wilson Pittoni; Salgueiro (Baez) e Bareiro (Ferreyra). Técnico:
Éver Hugo Almeida.
Árbitro: Wilmar
Roldán (Colômbia), auxiliado pelos compatriotas Humberto Clavijo e Eduardo
Ruiz.
Gols: Jô e
Leonardo Silva (Atlético Mineiro).
Cartões amarelos:
Bernard, Luan (Atlético Mineiro); Benítez, Manzur, Salgueiro, Martín Silva,
Ferreyra e Giménez (Olimpia).
Cartão vermelho:
Manzur (Olimpia).
Estádio: Mineirão,
em Belo Horizonte
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